Pedro Signorelli (*)
Nas últimas reuniões do Copom, o resultado pode não ter sido agradável à primeira vista. A taxa de juros foi elevada de 3,50% para 4,25% ao ano. Para agravar, o Banco Central já sinalizou que a tendência permanece em alta.
Ainda assim, não há no mercado expectativa de que o país volte a viver como ocorria até meados de 2009, com a taxa na casa dos 10%, ou em 2003, quando a Selic chegou a 26,50%, ou em março de 1999, quando bateu 45% no ano.
Nesses períodos, era mais fácil escolher um bom investimento em renda fixa e acompanhar a correção do valor aplicado de braços cruzados. Hoje investir em um negócio é mais atraente e as startups têm sido uma escolha de investidores. Por isso, lê-se diariamente que essa ou aquela empresa recebeu um aporte de x milhões. O caminho é quase perfeito e todos ganham: o investidor, que pode ver seu capital multiplicado em pouco tempo, e o jovem inovador, que tem a grande oportunidade de ver seu sonho realizado.
Mas, assim como o jovem não tem o dinheiro, na maior parte das vezes também não sabe como gerenciar o negócio. Numa empresa tradicional adotar a gestão por OKRs (Objectives & Key Results) implica numa mudança de princípios, afinal, dentre as práticas tradicionais de administração está o planejamento de longo prazo, só corrigido ao final de um ciclo, normalmente de um ano e que, na maioria das vezes, só é discutido entre a alta gestão.
A metodologia por OKR tem por princípio o planejamento de curto prazo e, ainda assim, prevê ajustes constantes que podem, inclusive, ser feitos em períodos menores, se for o caso, e o conhecimento das metas e dos objetivos por todo o time. Também é preciso destacar que numa startup a necessidade de ajuste é constante, pois ela está testando algo novo. Elenquei aqueles que considero os cinco princípios do OKR, que se ajustam a empresas de todos os portes e tempos de existência, assim como as startups:
. Transparência: os OKRs precisam ser transparentes porque todos envolvidos na execução da estratégia da empresa precisam saber quais são os objetivos da organização e remar na mesma direção. As mensagens precisam ser claras e assertivas para todo o time para que a comunicação seja eficaz.
. Ciclos curtos: os OKRs são elaborados para serem atingidos em períodos curtos, tipicamente três meses. São revisitados e ajustados periodicamente, podendo ser alterados caso seja necessário adequar-se a um novo direcionamento.
. Bidirecional: a execução da estratégia não é definida apenas pela direção da empresa. Os demais colaboradores também têm participação no processo de construção das metas.
. Disciplina: depois que os OKRs são definidos é fundamental que sejam colocados em prática e que se mantenha a disciplina de acompanhamento das metas traçadas.
. Ambição: os OKRs normalmente envolvem metas ambiciosas com vistas à transformação do negócio.
É preciso entender que a gestão por OKR é cada vez mais uma opção acertada na administração nos tempos atuais, seja pela natural rapidez com que as coisas mudam, acelerada pelas novas tecnologias, que abrem novas possibilidades constantemente em todos os segmentos, seja pela pandemia, que vem impondo ajustes constantes aos planos de negócios.
(*) – É especialista “insider” na implementação de OKR em empresas de diversos tamanhos e segmentos, e ministrando palestras e workshops de implementação de OKR (www.gestaopragmatica.com.br).