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O modelo colaborativo ajuda as software houses a crescerem

em Mercado
quarta-feira, 04 de maio de 2022

Marcello Bellini (*)

A busca por eficiência operacional, escala e redução de custos, apoiada pela tecnologia, possibilitou a criação de negócios revolucionários.

Isso tanto no ambiente entre empresas (B2B), quando na relação com os consumidores. Os marketplaces, soluções de logística compartilhada, leilões reversos, apps de transporte, de compras e de entregas são alguns dos muitos serviços que passaram a fazer parte do nosso dia-a-dia. Entretanto, existem ainda áreas de negócio que podem usufruir do modelo de operação colaborativo para alcançar os mesmos objetivos.

O desenvolvimento de software, por exemplo, é uma delas. Responsáveis por um faturamento anual de US$ 18,2 bilhões, e gerando mais de 200 mil empregos diretos, as software houses brasileiras são formadas, em sua maioria (77%), por micro e pequenas empresas, segundo a ABES – Associação Brasileira das Empresas de Software. Em geral, as software houses compartilham dos mesmos desafios para crescer.

Com acesso limitado a canais de distribuição mais amplos, elas têm dificuldade de oferecer seus produtos e serviços a uma gama maior de clientes. Aquelas que possuem soluções especializadas dentro de uma determinada cadeia de valor, muitas vezes dependem de um número restrito de parceiros para levar seu produto ao cliente final. E a integração na ponta, mesmo para quem atua em verticais que aparentemente têm as mesmas demandas e especificidades, como é o caso do varejo, pode ser algo complexo de resolver no dia-a-dia.

Para lidar com essas questões, o mercado vê surgirem iniciativas colaborativas, como as oferecidas pela Mentes que Pensam. Trata-se do primeiro projeto no Brasil a reunir, em uma mesma startup, grupos de software houses focadas em soluções de automação do varejo, incluindo serviços financeiros como a conta digital. Ao atuar de forma integrada e oferecendo um portfólio compartilhado de serviços, as software house que integram a plataforma ‘mente’ obtêm ganhos de produtividade e agilidade de integração.

Esses projetos colaborativos utilizam tecnologia para levar soluções efetivas para questões comuns às software houses. Criadas por desenvolvedores para desenvolvedores, essas plataformas buscam resolver situações críticas que dificultam o crescimento das empresas em variados aspectos, e a integração é, certamente, o obstáculo mais frequente.

Como todo software de gestão realiza algum tipo de transação financeira nos processos de compra, venda, contas a pagar ou receber, entre outros, a software house deve ser capaz de integrar seus produtos ao sistemas de bancos e instituições de crédito variados com os quais o cliente opera. E, não é segredo de ninguém, esse não é um processo trivial.

Contar com uma plataforma tecnológica, baseada na nuvem e que opere por meio de APIs para que uma solução entre em operação rapidamente, e da forma mais transparente possível, pode ser o diferencial que o cliente busca para fechar um contrato. O ganho de escala também é uma das dificuldades enfrentadas pelas software houses que as plataformas colaborativas se propõem a resolver.

Nelas cada parceiro opera como um canal de distribuição das soluções que estão disponíveis na plataforma, o que, por si só, já permite alcançar novas geografias, ampliando o potencial de vendas. Nesse modelo de operação, um desenvolvedor pode escolher integrar uma solução de um concorrente que esteja disponível na plataforma, para atender uma necessidade específica do cliente.

Ele pode fazer isso por não dispor daquela determinada solução ou porque desenvolvê-la pode exigir um tempo que o cliente não tem. Ao atuar de forma colaborativa, ele não perde o projeto, ganha em eficiência e remunera toda a cadeia envolvida. A falta de mão-de-obra especializada para a integração em cadeias de valor verticais, como é o caso do varejo, se constitui em um obstáculo frequente para o crescimento das software houses.

Pode ser que o desenvolvedor possua um parceiro de integração de hardware em uma determinada região, mas não em outra. No modelo colaborativo, ele pode contar com parceiros com experiência comprovada que o ajudarão nessa etapa crucial da entrega de projetos. A rentabilidade da software house é outro ponto importante que as plataformas colaborativas estão ajudando a equacionar. Isso porque manter uma plataforma de negócios própria representa uma despesa elevada para o empresário de software.

No modelo compartilhado, o rateio dos custos de integração é feito de maneira proporcional, permitindo que a software house reduza seus custos e melhore sua competitividade em benefício de todos. O trabalho colaborativo das software houses ainda está engatinhando no Brasil, mas certamente trará muitos frutos, não só para aqueles que confiarem no modelo a partir de uma operação mais eficiente e lucrativa, mas também para mercado final, ao permitir a criação de soluções inovadoras.

(*) – É cofundador e diretor da Mentes que Pensam (www.mentesquepensam.com.br).