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O futuro da gestão tributária e compliance: tecnologia e sustentabilidade fiscal

em Mercado
sexta-feira, 06 de dezembro de 2024

Mônica Cerqueira (*)

A gestão tributária no Brasil enfrenta um momento decisivo, marcado pelas discussões em torno da reforma tributária. Mudanças como a unificação de tributos sobre o consumo e a simplificação dos processos fiscais prometem redesenhar o sistema tributário nacional, mas também apresentam desafios significativos.

Essas transformações exigem das empresas uma revisão estratégica de suas operações e estruturas financeiras, reforçando a importância de soluções robustas de compliance e ciência de dados para garantir a competitividade e a conformidade.

O sistema tributário brasileiro é um dos mais complexos do mundo, com alterações frequentes nas regras e uma carga administrativa elevada, que consome recursos significativos das organizações. A reforma acrescenta camadas de incerteza que impactam contratos, cadeias de suprimentos, precificação e operações financeiras.

Para navegar por esse cenário, a ciência de dados emerge como uma aliada indispensável. Sua capacidade de integrar grandes volumes de informações, identificar padrões e simular cenários futuros permite análises detalhadas e ágeis, indispensáveis para tomadas de decisão estratégicas.

O uso de modelos analíticos avançados e ferramentas oferece aos gestores a possibilidade de simular os impactos das mudanças tributárias em tempo real. Essas tecnologias auxiliam na previsão de como alterações em alíquotas ou regimes fiscais podem afetar margens de lucro, reestruturar operações e mitigar riscos de inadimplência ou autuações fiscais.

Antes, tais análises demandavam meses de trabalho de equipes especializadas; agora, são realizadas em dias, oferecendo insights claros e embasados. Além disso, esse ponto contribui para o fortalecimento do compliance fiscal. Sistemas automatizados podem identificar inconsistências, calcular créditos tributários e cruzar informações com bancos de dados fiscais e contábeis, garantindo maior precisão e agilidade no cumprimento das obrigações legais.

Essa automação reduz a subjetividade e os erros inerentes a processos manuais, promovendo uma gestão tributária mais transparente e eficiente.

A integração da ciência de dados na gestão tributária vai além da implementação de ferramentas tecnológicas; ela exige uma transformação cultural nas organizações.

É necessário adotar uma abordagem orientada por dados, em que decisões estratégicas sejam baseadas em análises concretas e projeções sólidas. Esse movimento não elimina a necessidade de especialistas, mas potencializa sua atuação, liberando-os de tarefas operacionais e direcionando seu foco para decisões de maior impacto estratégico.

No contexto de responsabilidade corporativa e sustentabilidade, o conceito de eficiência fiscal ganha protagonismo. Isso implica não apenas cumprir obrigações legais, mas também estruturar processos tributários que otimizem recursos, identifiquem oportunidades de créditos e promovam um sistema mais equilibrado e justo.

Ferramentas de ciência de dados desempenham um papel central nesse esforço, permitindo análises detalhadas sobre impacto ambiental e econômico, além de fornecerem insights sobre práticas fiscais mais sustentáveis. A reforma tributária deve ser encarada não apenas como um desafio, mas como uma oportunidade para que empresas revisem processos internos, fortaleçam seus pilares de compliance e integrem soluções analíticas avançadas.

Organizações que investirem nisso estarão melhor posicionadas para navegar por um ambiente fiscal em transformação, antecipando tendências, minimizando riscos e potencializando ganhos. Mais do que uma resposta às mudanças fiscais, a ciência de dados representa um novo paradigma na gestão tributária.

Ao oferecer previsibilidade, agilidade e precisão, ela se torna uma ferramenta estratégica para construir um futuro mais eficiente, competitivo e sustentável. As empresas têm, assim, a chance de liderar um movimento transformador, contribuindo não apenas para sua resiliência no mercado, mas também para o fortalecimento de um sistema tributário mais justo e transparente.

(*) – É CVO da Make The Way (https://maketheway.tech/).