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Em crise, como fazer escolhas quando as opções são escassas

em Mercado
terça-feira, 09 de agosto de 2022

Ainda que, de acordo com o IBGE, o nível de desemprego esteja caindo, tendo fechado em maio no nível mais baixo desde 2015, as dificuldades ainda são sentidas pelo trabalhador. Segundo levantamento do Sebrae, 67% dos novos MEIs tinham emprego fixo antes de 2020. Em função da crise instalada pela pandemia, muitos optaram por trabalhar como autônomos, tendo sido registrados mais de 6 milhões de novos MEIs.

O período de crise aguda mostrou que diante do menor poder de compra e sem terem outras alternativas, as pessoas foram levadas a empreender para garantir o sustento de suas famílias. O cenário econômico, portanto, revelou ser um fator de peso no processo de tomada de decisões, uma vez que períodos de crise reduzem as oportunidades e impedem que as pessoas escolham com maior liberdade o que farão na carreira e nos negócios.

Isso é o que aponta Uranio Bonoldi, escritor e especialista em tomada de decisão. “Quando a economia está bem, uma pessoa pode, por exemplo, preferir um emprego que traga mais satisfação pessoal mesmo que o salário seja menor. Mas numa crise, não dá para escolher. Ela opta pelo trabalho que vai pagar as contas, mesmo que isso lhe custe seu bem-estar, o que não seria o ideal”.

O tema é abordado pelo autor no livro “Decisões de alto impacto: como decidir com mais segurança e consciência na carreira e nos negócios”, no qual ele apresenta um método próprio para tomada de decisões. Na obra também é apresentada a diferença entre as escolhas, classificadas como “fáceis” ou difíceis” segundo os seguintes critérios:

  • FÁCEIS: têm pouca liberdade de escolha, consequências são a curto prazo e têm baixo impacto no agente decisor e em terceiros;
  • DIFÍCEIS: têm ampla liberdade de escolha, consequência normalmente se dão a longo prazo e têm alto impacto no agente decisor e em terceiros.

Porém, quando se fala em crise, coloca-se um elemento no hall das decisões fáceis que pode causar alto impacto, criando um paradoxo difícil de encarar. Em circunstâncias de alta tensão, as escolhas se enquadram no campo das decisões fáceis, pois têm pouca liberdade de escolha e consequências a curto prazo. Porém os impactos são altos, pois podem afetar a renda e até mesmo a sobrevivência do agente decisor e de terceiros. Para ilustrar a questão, o autor menciona o navegador Amyr Klink, que foi entrevistado para o livro.

“Ele acredita que tomar decisões em alto mar é muito mais fácil que escolher investimentos sentado à uma escrivaninha. ‘É viver ou morrer’, ele diz. Portanto, é uma decisão fácil, mas de alto impacto”. Segundo o autor, em momentos de crise e alta tensão, as decisões devem ser tomadas com maior frieza (isolando o medo) e racionalidade. “É necessário escolher de forma rápida e no sentido de preservar a nossa vida e daqueles que nos rodeiam”, aponta o escritor.

Muitas vezes as alternativas que se apresentam em momentos de crise não são as mais desejáveis. No cenário em que uma pessoa está em um ambiente de trabalho tóxico e o mercado está em retração, por exemplo, ela poderá se ver dividida entre pedir demissão impetuosamente, correndo risco de passar necessidade, ou ser paciente e suportar o trabalho para buscar uma melhor alternativa em momento mais favorável.

Acontece de não estarmos confortáveis com a decisão que vamos tomar, porém, se parecer ser o caminho que causará o menor dano a nós e ao nosso entorno, teremos que seguir por ele. As decisões não devem ser necessariamente feitas de forma rápida, caso não represente risco de vida. Mas incondicionalmente, devem ser refletidas e feitas com consciência. Em situações de crise, o ponto focal das decisões deve ser a ponderação de qual alternativa vai garantir a subsistência de si e de terceiros, ainda que sejam decisões temporárias.

Quando o cenário econômico muda e novas possibilidades se abrem, aí sim a pessoa terá maior liberdade para trilhar o caminho que realmente gostaria. – Fonte e outras informações: (https://www.uraniobonoldi.com.br/).