Cassiano Cavalcanti (*)
Segundo dados do estudo ‘Consumer Pulse’, referentes ao segundo trimestre, o número de fraudes no Brasil aumentou 20%. Entre os golpes citados, os principais foram: cartões de crédito roubados, cobranças fraudulentas e golpes de cartão-presente.
Seguindo a mesma linha desta pesquisa, um relatório divulgado pela Apura Cyber Intelligence indicou que, com cartões, a quantidade de tentativas de fraude online aumentou 637%, em comparação com o primeiro semestre do ano passado.
Além disso, evidenciou que outro cibercrime em alta é o de “tela falsa”. Nele, os fraudadores criam sites de compra fakes na internet, semelhantes aos das empresas que as vítimas pesquisam. Diante de todas essas informações, é importante saber que um dos fatores que também levam as vítimas a cair nesse tipo de golpe é o emocional, o que muitas vezes acaba não sendo levado em conta.
É do conhecimento geral que há um “tesouro” de Informações de Identificação Pessoal (PII) roubadas que são vendidas na dark web e que podem ser aplicadas em inúmeros esquemas criminais. As instituições financeiras entendem a magnitude desse problema, além de seus deveres e responsabilidades com os stakeholders.
No entanto, quando se trata de prevenir fraudes e roubos online, os profissionais tendem a focar mais na complexidade técnica, análise financeira, manutenção da conformidade, eficácia operacional ou nas métricas comerciais. Esquecendo-se de que as vítimas que estão tentando proteger são pessoas reais.
Viver em um mundo digital e hiper conectado pode ser imponente e intimidador, principalmente para os idosos, que naturalmente se preocupam com sua segurança financeira e, ao mesmo tempo, são considerados mais vulneráveis por não estarem familiarizados com as novas tecnologias digitais. Enquanto isso, a ingenuidade financeira e excesso de confiança costumam ser o calcanhar de Aquiles dos nativos digitais mais jovens.
Neste contexto, os fatores críticos de sucesso para criminosos financeiros incluem entender essas vulnerabilidades, bem como explorá-las e contornar as medidas de segurança convencionais. Tendo em vista o aumento dos riscos, 83% das organizações brasileiras preveem um aumento nos gastos com cibersegurança neste ano, conforme um estudo da consultoria PwC. Nele, também se vê que 45% consideram um aumento de mais de 10% nos investimentos em segurança digital para garantir a segurança dos dados.
O aumento desses investimentos será muito positivo na prevenção de fraudes, porém, é necessário que tenham consideração de que o que é aprendido e demonstrado do comportamento humano pode servir como indicador confiável de atividade online.
Isso significa que reconhecer as fraquezas humanas que a maioria de nós prefere não compartilhar, como, idade, ansiedade, hesitação, desconforto entre outros servem como marcadores relevantes para identificar riscos de fraude e tornar o ambiente digital mais seguro.
(*) – É diretor de pré-vendas da BioCatch na América Latina (https://www.biocatch.com/)