O setor de alimentos e os hábitos das famílias brasileiras não são mais os mesmos. Os carrinhos estão mais cheios, e as idas aos mercados, mais espaçadas, aponta pesquisa da Nielsen Brasil. Na última semana de março, a frequência de compras caiu 6,5%, enquanto o número de itens no carrinho subiu 22%. A procura maior está entre os produtos para cozinhar em casa, como massas, arroz, feijão, farinha, óleo e produtos frescos, mostrando que a cozinha tem sido o principal cômodo das casas nesses tempos de quarentena.
Além de alimentos práticos para o dia a dia como biscoitos e snacks de frutas, por exemplo, que gerou um aumento de 11% na categoria “industrializados”, a formação de estoques na despensa favoreceu supermercados, hipermercados e atacarejos, que vendem quantidades maiores. Do total das compras feitas em março, 61% foram nesse tipo de varejo, conquistando mais de 2,2 milhões de clientes em abril, e os hipermercados, mais de 560 mil.
De acordo com Claudio Zanão, presidente-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (Abimapi), as pessoas estão optando por produtos com maior shelf life, praticidade e um bom custo benefício, o que gerou, entre fevereiro e maio, um aumento médio de 20% no volume de vendas das categorias Abimapi. Com boa parte da população brasileira em quarentena e restaurantes fechados, as pessoas abasteceram as despensas e estão cozinhando mais.
“Macarrão, biscoito e pão são de consumo básico e devem ter crescimento mais consistente até o final deste ano, de 2% a 4%, devido ao maior número de refeições feitas em casa”, pontua. Em 2019 as Indústrias de biscoitos, massas alimentícias pães e bolos industrializados alcançaram um faturamento de R﹩ 36,7 bilhões em 2019. Juntas, as categorias somaram 3,3 milhões de toneladas em volume de produtos vendidos.
A corrida ao supermercado, no entanto, gerou alguns exageros, por exemplo, comprar a quantidade de produtos equivalente ao que seria consumido no ano todo. “Esse panorama é um lembrete sobre a necessidade de seguir impulsionando as cadeias de suprimento e logística, de modo a contar com flexibilidade suficiente para responder às mudanças do comportamento de consumo mediante a eventos como o COVID-19”, pontua Zanão (AI/Abimapi).