Vivaldo José Breternitz (*)
A medida em que a pandemia evolui, surgem notícias acerca de seu impacto sobre grandes companhias da área de tecnologia. Aplicativos para videoconferência, como Zoom e Google Hangouts, estão rapidamente substituindo os contatos pessoais. A Microsoft diz que o número de usuários usando seu Teams, uma ferramenta para trabalho colaborativo, cresceu 37% em uma semana, ultrapassando 44 milhões. Já o volume de mensagens enviadas via Facebook e Instagram cresceu mais de 50%.
Chamadas de voz pelo Facebook (não muito populares no Brasil) mais do que dobraram, tendo na Itália subido mais de 1.000%. Como as compras via comércio eletrônico estão aumentando e nem tudo pode ser entregue por meios digitais, a Amazon informo que contratará dez mil trabalhadores para seus centos de distribuição — esse pessoal vai também substituir trabalhadores infectados ou em quarentena. Nextdoor, uma rede social que objetiva contatar vizinhos, vem sendo usada para que idosos possam receber em suas residências remédios e outros itens que não podem ser comprados via comércio eletrônico.
No curto prazo, essas grandes empresas estão enfrentando problemas: Mark Zuckerberg disse ao jornal The Times que a empresa está “tentando manter as luzes acesas”, enquanto 45 mil de seus funcionários, trabalhando em regime de home office, lidam com o aumento do volume de tráfego, que como já se sabe, vem trazendo problemas às empresas que distribuem conteúdo via internet, especialmente reduzindo a velocidade de downloads e qualidade de vídeos.
Essas empresas vão ter outro problema: verão diminuídos os valores que arrecadam vendendo publicidade: espera-se uma queda de cerca de US$ 45 bilhões nessa área, embora as empresas devam continuar altamente lucrativas. Não se trata exatamente de empresa do mesmo perfil, mais vale registrar os problemas que o grupo brasileiro Via Varejo (Casas Bahia, Ponto Frio) está vivendo: suas lojas físicas estão fechadas em função da pandemia, mas as operações de comércio eletrônico podem subir. Porém, notícias de fraudes contábeis já fizeram o valor de suas ações caírem 60% nos últimos dias, queda muito maior que a observada na bolsa como um todo.
Poucos de nós sabemos como será o mundo após a pandemia, mas é muito provável que esses gigantes da tecnologia terão uma influência ainda maior sobre a forma que trabalharemos, estudaremos e nos divertiremos.
(*) – Doutor em Ciências pela USP, é professor da Faculdade de Computação e Informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie.