Vice-presidente da CNA, José Mário Schreiner. |
No encontro que tiveram ontem (28) com o presidente interino, Michel Temer, dirigentes da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA) criticaram algumas medidas adotadas pelo atual governo por burocratizar a produção agrícola do país – em especial uma norma que voltou a vigorar e que obriga o agricultor a renovar anualmente uma licença para o plantio. O vice-presidente CNA, José Mário Schreiner, criticou também o fato de a queda do preço pago ao produtor pela saca de feijão não ter sido repassada ao consumidor final. “O feijão já teve arrefecimento de preço para o produtor. Só não senti isso na prateleira. É interessante”, disse ele em tom irônico.
“O preço do feijão já chegou a pouco mais de R$ 500 a saca, o que daria R$ 9 o quilo ao produtor e no supermercado estava a R$ 15. Agora o preço caiu a R$300, o que dá algo entre R$ 6 e R$ 7 o quilo para o produtor. No entanto continua a R$ 15 para a dona de casa. É a mesma história do leite, que está a R$1,50 [o litro] para o produtor e vocês compram todos os dias a R$ 4 na prateleira. É a transformação, a metamorfose e a alquimia que existe na economia”, acrescentou.
Entre as reivindicações apresentadas estava a de se criar facilidades para o produtor brasileiro nos processos ambientais. “Isso é extremamente importante mas, veja bem: agora, com a entrada em vigor de uma portaria [do Ministério do Meio Ambiente] que até então estava suspensa, precisaremos de um licenciamento anual para plantar”.
“Imagina isso: todo ano eu planto milho, mas ano que vem eu terei de renovar novamente essa licença. E nós sabemos que tempo, clima e agricultura não esperam a boa vontade ou a falta de agilidade dos processos burocráticos”, argumentou Schreiner, segundo o qual Michel Temer ficou “extremamente sensibilizado” com a questão (ABr).