Paulo Gracia (*)
Prometendo uma internet até 100 vezes mais rápida que a atual, a tecnologia 5G chega ao Brasil em um cenário de constantes ataques à base de dados das empresas. Tivemos nesse ano de 2021 mais de 227 milhões de dados de brasileiros expostos em ao menos quatro grandes invasões em sistemas, sendo o mais recente um ataque ao Conecte SUS, do Ministério da Saúde, que acendeu um alerta vermelho.
Segundo o relatório da Infoblox, o Brasil está entre os cinco países do mundo que mais sofre com ataques cibernéticos, especialmente ransomware, atrás de Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha e África do Sul. Este mesmo estudo revela que ataques de ransomware cresceram 92% no Brasil em 2021, e apresentaram um prejuízo na ordem de 20 bilhões de dólares em todo o mundo e ainda confirma que as empresas estão cada vez mais na mira dos cibercriminosos.
Este é apenas um dos desafios da implantação da tecnologia 5G no país: primeiro, quando a tecnologia estiver implementada em todo o país e os dispositivos que a suportam estiverem acessíveis à população e às organizações, tudo mudará! Mudará a forma como consumimos conteúdo, o acesso a dados em tempo real, assim como a viabilidade de novas tecnologias que dependem de conectividade de alta velocidade e/ou baixa latência e até a forma como vivemos as cidades.
A tecnologia 5G possui muitas vantagens em comparação às tecnologias anteriores, mas vale destacar o aumento da velocidade, eficiência energética e disponibilidade, redução da latência e a capacidade de suportar altas densidades de dispositivos. Com a evolução da internet móvel, o 5G vai possibilitar ainda mais aplicações que podem compor cidades inteligentes, viabilizando a aquisição e utilização de dados para melhoria de aspectos, como mobilidade e sustentabilidade.
Além disso, a tecnologia entrega a possibilidade do uso de soluções de realidade virtual e realidade aumentada. Isso em aplicações e dispositivos móveis, jogos na nuvem, uso de carros autônomos/inteligentes, aplicações industriais, entre muitas outras. Segundo a IDC Brasil, os gastos com recursos tecnológicos e telecomunicações no país devem aumentar 7,1% neste ano, totalizando US$ 64,4 bilhões. O mercado de segurança eletrônica prevê crescimento de 16% em 2021.
Na lista de prioridades das empresas para o ano, está a cibersegurança, com 61% das 75 empresas nacionais pesquisadas em 2021 – 11 pontos acima de 2019. Isso pode influenciar positivamente o mercado de segurança eletrônica. As despesas com equipamentos de segurança e softwares totalizarão US$ 900 milhões neste ano, um crescimento de 12,5% ante 2019. Já a segurança na nuvem deve simbolizar 23% dos investimentos.
Os sistemas de segurança são os que mais se beneficiam do uso da inteligência artificial diante da evolução dos ataques e vazamentos de dados. Além disso, o investimento em 5G também recebe destaque: esta rede tem que ser vista como uma oportunidade para a adoção de tecnologias corporativas, como computação em nuvem, Internet das Coisas (IoT), inteligência artificial, entre outras.
O mercado de trabalho será fortemente impactado pelo uso massivo de inteligência artificial. Ao menos 30 milhões de vagas no mundo deverão ser criadas, sendo que 85% são postos totalmente diferentes dos que existem hoje. O novo mercado de trabalho movido a 5G deverá estar totalmente operante daqui a 11 anos, e dos
R$ 400 bilhões que serão investidos nos próximos dez anos em digitalização, 40% serão destinados à implementação da nova internet.
Hoje o investimento que está sendo realizado é em infraestrutura e isso vai gerar muitos empregos diretos, demandando mão de obra especializada. Em longo prazo, o 5G trará muitos benefícios, não só na criação de oportunidades diretas, mas também indiretas, para desenvolvedores, por exemplo. A previsão é de que as capitais estejam cobertas até julho de 2022 e existe uma régua gradual de investimentos em cidades de portes maiores, até atingir as de portes menores em 2028.
É um universo de infinitas possibilidades, ampliadas pelo uso da realidade virtual por exemplo: as pessoas estão presas a uma visão em que a realidade virtual se limita ao entretenimento, mas não. Ela está presente dentro de uma sala de aula. Imagina só um aluno de medicina podendo explanar um órgão praticamente ao vivo. Ir dentro de um pulmão, operar um olho, tudo a distância. Você pode estar em São Paulo, sendo operado por um médico em Londres.
Evolução das redes móveis:
. 2G – A rede 2G começou na Finlândia em 1991, permitindo que os telefones celulares entrassem no mundo digital. Ela permitiu a criptografia de chamadas e de texto, bem como SMS e mensagens multimídia;
. 3G – Por sua vez, a rede 3G possibilitou mais dados, videochamadas e a internet móvel;
. 4G – O padrão atual foi lançado no final dos anos 2000 e é 500 vezes mais rápida que a rede 3G. Portanto, suporta TV móvel de alta definição, videoconferências e a expansão da Internet das Coisas (IoT);
. 5G – A evolução da tecnologia 4G deve consumir até 90% menos energia, ampliando o número de aparelhos conectados e numa velocidade ainda maior.
. 6G – Previsto para 2028, terá velocidades de até 1 Tb/s, operará na casa dos terahertz e será usado pelas máquinas. A ideia é que seja 100 vezes mais confiável que a rede 5G e tenha capacidade para dez vezes mais equipamentos conectados. A tecnologia deve suportar componentes não terrestres, como aviões, satélites geoestacionários e de órbita terrestre baixa, além de plataformas em altas altitudes.
(*) – É Arquiteto de Soluções da Infoblox Brasil (https://www.infoblox.com/).