Guilherme Tavares (*)
Com a chegada de 2021 e o avanço para a aplicação de vacinas que mobilizem uma imunização geral da população, a expectativa é de que o cenário empresarial acompanhe uma retomada gradual das atividades, ainda enfrentando os efeitos de um período extremamente atípico e inesperado para todos.
Sob a ótica das empresas, as lições herdadas após a chegada do coronavírus em solo nacional também levantam a importância de um diagnóstico profundo sobre a funcionalidade de métodos e sistemas de trabalho utilizados pelos gestores. Hoje, mais do que nunca, a vacina da transformação digital é a melhor maneira de se acompanhar as mudanças do meio e aproveitar o que a tecnologia tem a contribuir para as organizações.
Claro, apesar do aspecto de imediatismo implícito na analogia, existe um caminho a ser pavimentado para que a implementação tecnológica provoque os efeitos desejados. Não é uma mudança repentina, que se pode conduzir da noite para o dia, porém, com o planejamento estratégico direcionado para determinados pontos de atenção, essa transição ao digital apresenta todos os requisitos para que a empresa em questão conte com o auxílio da inovação em um momento extremamente decisivo para todos.
De certa forma, podemos identificar uma ampliação comportamental em relação ao uso da tecnologia. Esse gatilho, também influenciado pelo comportamento do cliente final, expôs a urgência para que as empresas se movimentem. Sem dúvidas, o fenômeno tecnológico continuará avançando, o que impulsionará a intensidade da geração de dados.
Todos os caminhos levam ao Big Data, método voltado para uma melhor compreensão sobre o papel das informações analisadas com a jornada de compras. Essa é uma realidade que tende a continuar acelerando. As organizações, sem exceções, precisam entender como fazer com que seus dados sejam acionáveis, velozes e cada vez mais assertivos, em vez de apenas coletá-los desenfreadamente.
Por anos, a transformação digital foi apontada como um objetivo a ser alcançado pelas empresas, dada a importância da tecnologia como uma nova aliada estratégica. No entanto, muitas corporações caminhavam a passos vagarosos para acompanhar essa demanda e digitalizar seus processos, às vezes por falta de recursos, inércia, ou receio de realizar uma mudança tão radical nos pilares internos. A verdade é que uma grande quantidade de informações equivocadas foi disseminada entre o empresariado, fato que dificultou essa quebra de paradigma por parte de alguns gestores.
A pandemia de Covid-19 tem exigido um alto nível de adaptabilidade por parte das companhias, expondo a fragilidade dos que optam, até então, por não aderir à tecnologia e sua aplicação prática. Se existem aprendizados originados pelo ano que passou certamente repousa na preponderância de se compreender a transformação digital como um fenômeno inadiável. É necessário compreendê-la e adequá-la a sua realidade empresarial. Os beneficiados, acima de tudo, serão as próprias pessoas.
A presença tecnológica, por si só, automatiza etapas operacionais e impulsiona a agilidade de processos otimizados. Mesmo assim, é necessário ir além, para que ocorra uma interpretação ainda mais vantajosa do que o componente da inovação pode trazer à empresa. É nesse sentido que o Business Intelligence (BI) pode ser utilizado. Trata-se de uma noção básica de que os elementos produzidos pela tecnologia devem ter um direcionamento analítico aliado da jornada completa dos dados, beneficiando o alinhamento estratégico entre os profissionais.
Com a tecnologia modificando o armazenamento, coleta e análise de dados, é de suma importância que se instale no ambiente interno uma cultura orientada à inteligência analítica. Isto abrange equipes preparadas para compreender as informações relevantes e traduzi-las em melhores hábitos de trabalho, relacionamentos com os clientes e planos estratégicos realmente assertivos.
Nesse sentido, o investimento em treinamentos e capacitações torna-se cada vez mais necessário. Afinal, seria o conhecimento da jornada de dados o verdadeiro insumo da vacina da transformação digital?
Um dos maiores demonstrativos do suporte tecnológico, sem dúvidas, é representado pelo aprimoramento na tomada de decisão dos profissionais. Invalidando qualquer perspectiva em que a máquina chegou para ofuscar a participação humana, essa geração de insights possibilitada pelo Business Intelligence oferece todos os artifícios necessários para que cada colaborador explore suas aptidões, com respaldo técnico e segurança para minimizar a margem de erros.
É cada vez mais imprescindível que melhores iniciativas sejam conduzidas dentro das empresas. Com o espaço enxuto para falhas, a tecnologia é praticamente obrigatória, na medida em que reflete em ações conscientes, seja sobre o mercado, a realidade que se enfrenta no momento e a relação com o público que se busca atingir. Em suma, esses são fatores que, indubitavelmente, justificam o entendimento de que a transformação digital não pode ser mais postergada pelo empresariado.
(*) – Especialista em Gestão Empresarial, com pós em Marketing e graduação em Publicidade e Propaganda, é CEO do Centro de Serviços Compartilhados do Grupo Toccato.