O desempenho do setor de serviços deve parar de cair já a partir das medições referentes a maio. A previsão é da economista Lisandra Barbero da XP Investimentos, em entrevista ao Jornal Empresas e Negócios. A estabilidade ocorreria depois de uma queda maior que as previsões da própria corretora em abril, tanto em relação a março (- 11,7%) quanto em relação a abril de 2019 (- 17,3%)
Luiz Henrique Romagnoli/JEN
A economista evitou cravar um número, mas informou que com os dados disponíveis até o momento, é possível até que o setor tenha uma evolução no mês de maio em relação a abril. “Por enquanto o nosso número tem sido em torno aí de, pelo menos, um crescimento acima de 2% do setor em maio com relação a abril, lembrando que ainda é cedo para a gente saber o número exato”. Até a semana passada num artigo da própria economista esta previsão rondava os 7 por cento de crescimento mês a mês
Recuperação gradual
- Daqui para a frente a nossa expectativa é de que o cenário vá se recuperando gradualmente. É claro que a gente não vai ver uma melhora significativa ao ponto de retornar para o quadro pré pandêmico. Não estamos falando de uma retomada de um dia para o outro, mas ainda assim todos os indicadores, até o momento, estão mostrando um cenário levemente mais positivo e é isso que a gente tem em mente para construir o nosso cenário – disse Lisandra Barbero.
Perguntada sobre a possibilidade de novas quedas de performance, foi cautelosa: “Não descartamos esse cenário, mas por enquanto nossa visão, assim como a maioria dos analistas é de que é difícil começarmos a ver um retorno das taxas de isolamento social na mesma magnitude que a gente viu em abril. Então a tendência é de que a gente não veja mais os números tão negativos. É claro que não vai ser uma melhora significativa ao ponto de retornar para o quadro pré pandêmico”
- O que representa um risco, não só para o Brasil, mas para os outros países, é que a gente veja daqui a alguns meses uma segunda onda de contaminação que faça com que as pessoas tenham de, novamente, ficar em casa sem poder circular, que o comércio tenha que continuar fechado por mais tempo.- pontuou.
Diferenças nos números
A economista comentou a diferença entre as previsões tanto da XP como de empresas internacionais como a Bloomberg, que estiveram em torno de dois pontos percentuais. em relação ao setor de serviços no Brasil. “Existem poucos indicadores antecedentes, o que dificulta a perspectiva daquilo que vai acontecer com o setor, no detalhe”. Mas apesar da diferença, ela considera que a “mensagem geral foi confirmada”.
Da mesma maneira, números recentes da economia americana surpreenderam consultorias, o que é justificável: “todos os analistas de mundo afora, não só no Brasil, ficaram bastante surpresos com o desenrolar da pandemia em diversos momentos. Inicialmente esperava-se que o coronavirus seria uma crise que ficaria restrita apenas ao continente asiático. A primeira surpresa foi quando a gente viu que os desdobramentos da crise estavam acontecendo em outras regiões do mundo. Quando isso aconteceu, as expectativas dos agentes deterioraram-se de uma forma muito intensa. Por isso que a gente viu, por exemplo, o boletim Focus, do Banco Central, mostrando todas as semanas, de forma muito consecutiva, os analistas diminuindo cada vez mais a expectativa de crescimento do PIB nesse ano”.
O que representa um risco, não só para o Brasil, mas para os outros países, é que a gente veja daqui a alguns meses uma segunda onda de contaminação que faça com que as pessoas tenham de, novamente, ficar em casa sem poder circular, que o comércio tenha que continuar fechado por mais tempo.
- Só que o segundo momento de surpresa aconteceu quando os indicadores começaram a ser divulgados e principalmente aqueles referentes aos períodos já atingidos pelas taxas de isolamento social. E esses números, por mais que tenham sido muito negativos, surpreenderam grande parte dos analistas que esperavam uma queda ainda mais intensa.
- Estas surpresas foram fruto de uma falta de base de comparação. A gente estava vendo uma crise sem precedentes, uma crise que é de oferta e de demanda ao mesmo tempo e isso fez com que os analistas começassem a apontar para todas as direções. Acho que essa surpresa nos números dos EUA, assim como nos números da economia europeia, por exemplo, é justificada principalmente pela ausência inicial de uma base de comparação- indicou.
Desempenho dos Serviços
Lisandra Barbero analisou alguns dados de categorias que fazem parte do setor de serviços. Em “Serviços prestados às famílias” já era esperada a maior queda, pois sofrem mais com o isolamento. Já as categorias de serviços profissionais e de informação tiveram quedas menores:
- São categorias mais flexíveis nesse cenário que a gente está vendo se tornar realidade em grande parte do mercado, que é o home office. São categorias que não dependem tanto do serviço presencial. É mais flexível e pode ser prestado
à distância.
A economista explicou que dentro da categoria de serviços profissionais e administrativos existem duas sub categorias. A de atividades profissionais científicas e técnicas, que envolve atividades jurídicas, contabilidade, auditoria, consultorias e outros serviços prestados a empresas, pessoas jurídicas. A outra, de atividades administrativas e serviços complementares inclui vigilância, agências de viagens, alguns serviços relacionados à construção, etc…
A previsão da XP, segundo Lisandra Barbero é de que os serviços técnico profissionais mantenham as variações menores – em abril foi -3,7% em relação a março- devem se manter assim nos próximos meses.