Brasília – Ao entregar formalmente o processo de impeachment ao Senado, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, pediu celeridade para o rito. De acordo com ele, o País viverá agora um momento de “meio governo”, que não possui apoio político na Câmara. “A representação do governo, é claro, deixou de existir. Por isso que a celeridade do Senado é tão importante”, afirmou. Na opinião de Cunha, nenhuma matéria relevante terá condições de ser votada na Câmara enquanto o processo de impeachment estiver paralisado no Senado.
Em conversas com integrantes da cúpula do PMDB ontem (18), o presidente do Senado, Renan Calheiros, ressaltou que é preciso ter “cautela” e que o trâmite do processo de impeachment na Casa deve seguir estritamente o que prevê o regimento para se evitar a judicialização por parte do governo. A previsão dos senadores, colocada na ponta do lápis na reunião, é de que a votação do processo de impeachment, no plenário do Senado, ocorra apenas no dia 21 de setembro, uma quarta-feira.
Renan esteve reunido ao longo do dia na residência oficial do Senado com o presidente do PMDB em exercício, senador Romero Jucá (RR), e o líder do PMDB do Senado, Eunício Oliveira (CE). Nos cálculos de Renan, Jucá e Eunício, a comissão especial, que deverá ser montada no Senado para votar a admissibilidade do processo de impeachment, deve concluir os trabalhos no próximo dia 10 de maio.
Para evitar desgastes à legenda, a tendência é de que o partido não assuma a relatoria do processo, podendo indicar até um nome de um senador ou senadora de outro partido. Entre os nomes cotados está o de Ana Amélia (PP-RS). Apesar de ainda restarem cinco meses para o desfecho no plenário, o entendimento é de que um erro neste momento pode levar o caso para o STF e adiar ainda mais a conclusão do processo de afastamento da presidente.
Ao receber a documentação do processo de impeachment, Renan garantiu que tanto o presidente quanto o relator da comissão que vai analisar o processo terão de ser eleitos. A afirmação dificulta acordo entre PMDB e oposição, que já possuíam nomes para indicação. “É que o relator, diferentemente do que acontece nas comissões, precisa ser eleito à exemplo do presidente da comissão”, afirmou afastando as possibilidades de nomes mencionados. Os líderes partidários vão conversar entre si para criar as condições necessárias para eleger presidente e relator.
O posicionamento de Renan frustra os planos da oposição, juntamente com a ala do PMDB aliada a Michel Temer, que já apontavam nomes para estes cargos. Considerando apenas o tamanho das bancadas e excluindo PT e PMDB da disputa, por considerá-los parte interessada, a oposição já contava com o nome de Antonio Anastasia (PSDB-MG) para a presidência, enquanto Ana Amélia (PP-RS) assumiria a relatoria (AE).
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