Para Ricardo Welikson, sócio da EXEC, metodologia desenvolvida por ele reforça a assertividade e a redução do risco aos investidores
Quando se fala em avaliação comportamental, a palavra assessment já se tornou parte do mundo corporativo. A metodologia engloba a aplicação de testes ao longo do processo de promoção de executivos para novos cargos de liderança. No entanto, com o seu constante uso, alguns passos rumo à evolução sinalizam novos caminhos. Um deles foi desenvolvido por Ricardo Welikson, sócio da EXEC, consultoria de Executive Search, que tirou do forno recentemente e chega para trazer um novo olhar para o mercado de fundos de investimento: o assessment de Diligência do Capital Humano.
O assessment de Diligência do Capital Humano cai como uma luva nas mãos dos fundos, pois engloba a avaliação dos traços de comportamento de um empreendedor, fator que ajuda a reduzir o risco na hora de investir em uma empresa.
Segundo o especialista da EXEC, o foco dos fundos de investimento antes de fazer o aporte financeiro até então era somente entender o passado da empresa, avaliar os números, o compliance e a governança. “Havia uma preocupação de contratar advogados, consultorias estratégicas, bancos, entre outros, que faziam uma análise muito pragmática e pouco voltada para um asset de extrema importância na construção da trajetória da empresa: o capital humano e, consequentemente, a cultura organizacional”.
A chegada dessa nova metodologia acontece em um momento no qual a cultura organizacional nunca esteve tão em evidência, principalmente motivada pelo avanço dos princípios ESG – em particular, do “S”, que engloba pessoas. Segundo dados de uma pesquisa feita pela consultoria PWC, 66% dos gestores entrevistados acreditam que a cultura organizacional é tão importante quanto o modelo de negócios da empresa.
Segurança para investir
De acordo com Welikson, o assessment de Diligência do Capital Humano permite predizer o comportamento humano das pessoas em diferentes circunstâncias. “Pode-se prever a maneira como o indivíduo se posicionará em situações diversas na gestão da empresa, algo que se torna mais um ponto de segurança importante para os fundos de investimento”.
Welikson ressalta que a ferramenta consegue identificar os valores do empreendedor, além do ambiente que ele espera construir com a chegada de um novo acionista. “A ‘leitura’ do dono do negócio traz uma ideia de como é a cultura da empresa, fator decisivo para o sucesso do negócio no longo prazo. A chegada de um sócio nunca é algo trivial. Espera-se que a melhor relação seja estabelecida e que ela vigore enquanto a parceria durar”.
A nova metodologia ganha ainda mais relevância em situações nas quais a permanência do fundador se dará por um prazo maior. “O earn-out, por exemplo, é feito para ser executado. Mesmo nos cenários nos quais o fundo tem a maioria das ações, conhecer o empresário em uma esfera ainda oculta reduz a chance de o investidor perder dinheiro”.
Não há pretensão de que o resultado do assessment seja um fator determinante na decisão do investidor, na opinião de Welikson. Porém, o especialista destaca que é um elemento a mais a ser levado em conta no processo decisório. “É um conhecimento que contribui – e muito – na estratégia de como lidar com os empreendedores em momentos distintos, como aqueles que sugerem maior nível de estresse ou mesmo em situações rotineiras”.
O especialista reforça ainda que, com o resultado do assessment do empreendedor em mãos, os fundos de investimento podem se preparar com antecedência para lidar com discordâncias entre os sócios ao longo do caminho – e, com isso, mitigar riscos.
Na prática
O assessment de Diligência do Capital Humano já está sendo aplicado e vem chamando a atenção dos fundos. Um dos trabalhos bem-sucedidos conduzidos pela EXEC em assessment de empreendedores foi feito para a Vinci Partners, na qual a consultoria foi parceira em diferentes investimentos feitos pelo fundo VIR IV. José Luiz Pano, sócio e Head de estratégia Vinci, destacou a importância dessa metodologia para ajudar no entendimento das características dos donos das empresas e a cultura das companhias nas quais estão investindo.
“O assessment de empreendedores feito pela EXEC para a Vinci nos mostrou também como investir melhor, em como sermos mais assertivos e produtivos. Além disso, entendemos as características de cada empresa não para mudá-las, mas sim ajudá-las a evoluir quando nos tornamos sócios”, declara Pano.
Caminho sem volta
Para Welikson, a aplicação do assessment de Diligência de Capital Humano feito em empresas que são alvo de investimento pelos fundos de investimento é algo que veio para ficar, mesmo em um momento no qual o mercado segue em desaquecimento – de acordo com dados divulgados pela Distrito, os investimentos no setor de encolheram 86% em comparação ao mesmo período de 2022.
“Com o reaquecimento da economia, os investimentos em empresas devem voltar a crescer, o que vai demandar um trabalho intenso da EXEC para ajudar os fundos a fazerem bons negócios”, conclui.