Guedes: “ainda há empresários que esperam pelo protecionistas do governo, assim como acontece com sindicalistas. Acabou o toma-lá-dá-cá”. Foto: Andre Valentim/Veja/Reuters
Para o futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, o Brasil hoje está numa fase de transformação, está se “redesenhando”, e algumas mudanças são “irreversíveis”. “Se a descentralização das concessões for interessante, vamos descentralizar”, afirmou, em encontro com industriais na sede da Firjan. Guedes afirmou que ainda há empresários que esperam pelo protecionistas do governo, assim como acontece com sindicalistas. “O Brasil é um País rico, virou o paraíso de burocratas, de piratas privados, em vez de ser o País do crescimento econômico”, afirmou.
Para Guedes, a “governabilidade não será como antes”. O primeiro grande eixo político será temático, já que “as bancadas temáticas representam valores básicos da sociedade”. Além disso, destacou a vontade do novo governo de transferir renda da União para Estados e municípios, para recompor a federação. Na sua avaliação, o Brasil se transformou numa “enorme agência de transferência de renda”, ao responder por quase metade do PIB ao fim do governo de Dilma Rousseff. A visão do novo ministro é que “há um responsável pela zoeira total: o gasto público sem controle” e que a Previdência é uma fábrica de desigualdade.
Guedes afirmou que Estados e municípios devem apoiar as reformas. “Se não apoiar vai lá pagar sua folha. Como ajudar quem não está me ajudando? Quero que dinheiro vá para Estados e municípios, mas me dê reforma primeiro”, afirmou, ao destacar que, no ano que vem, os governo vão ter dinheiro com o leilão de áreas de pré-sal excedentes da cessão onerosa. Para que o leilão aconteça, no entanto, espera contar com a ajuda das bancadas regionais no Congresso.
As críticas atingiram também os empresários que compõem a plateia para a qual o futuro ministro falava. “Tem que meter a faca no Sistema S também. Estão achando que a CUT perde o sindicato, mas aqui fica tudo igual? Como vamos pedir sacrifício para os outros e não contribuir com o nosso?”, afirmou Guedes, acrescentando que os empresários parceiros sofrerão menos cortes que os demais. “Se tiver a visão parceira do Eduardo Eugênio corta 30%, se não tiver, corta 50%”, acrescentou, reiterando a necessidade de formar um pacto federativo envolvendo políticos das esferas estaduais e municipais. “Estamos prontos para ajudar. Acabou o toma-lá-dá-cá. Vamos fazer bonito”, disse (AE).