
Especialistas analisam os desafios e oportunidades para empresas de diferentes setores
O Marco Legal da Inteligência Artificial (IA), aprovado no Brasil em dezembro do ano passado, promete transformar a forma como as empresas operam, inovam e se relacionam com clientes e parceiros. Com regras que estabelecem um equilíbrio entre inovação e responsabilidade, o marco é visto como uma oportunidade para alavancar negócios, mas também como um desafio de adaptação.
Para entender como essa regulamentação pode impactar diferentes setores, ouvimos especialistas de áreas estratégicas, que compartilharam suas perspectivas sobre as mudanças e expectativas para o futuro.
Setor automotivo e financeiro
Fredy Evangelista, cofundador da AutoBanking, uma plataforma inovadora voltada para o setor automotivo e financeiro, destaca como o marco pode incentivar a confiança e o uso responsável da tecnologia. “A regulamentação é essencial para dar segurança jurídica às empresas e, principalmente, aos consumidores. No setor financeiro, onde lidamos com dados sensíveis e altos volumes de transações, a transparência nas soluções de IA será um diferencial competitivo. O Marco Legal traz um direcionamento que favorece não só a inovação, mas também a proteção contra abusos e o fortalecimento do relacionamento com os clientes”, afirma.

Startups e Inovação
Amure Pinho, fundador da Investidores.vc, plataforma de educação e investimento em startups, acredita que o marco será decisivo para impulsionar o ecossistema de inovação no Brasil. “A regulamentação coloca o Brasil em um patamar competitivo global. Para o mercado de startups, isso significa mais credibilidade para captar investimentos e desenvolver soluções escaláveis e éticas. O desafio será garantir que o marco não imponha barreiras burocráticas excessivas, mas sim crie um ambiente propício à experimentação responsável”, explica o empreendedor.
Já para Thelma Valverde, CEO da eMiolo, startup de tecnologia focada em soluções inteligentes e customizadas, o Marco Legal apresenta tanto desafios técnicos quanto oportunidades estratégicas. “A IA precisa ser vista como uma ferramenta de transformação para as grandes corporações, mas isso só será possível com regras claras que estabeleçam responsabilidade compartilhada entre desenvolvedores, provedores de tecnologia e empresas clientes. Acredito que o Marco Legal pode promover essa colaboração, além de acelerar a adoção de soluções customizadas, como as que desenvolvemos na eMiolo”.
Tecnologia
Para Gustavo Caetano, CEO e fundador da Samba, especialista em soluções digitais inteligentes e eficazes com foco em Inteligência Artificial, o Marco Regulatório da Inteligência Artificial exigirá uma maior conformidade em governança, transparência e ética nos sistemas de IA das empresas de tecnologia, o que implica em investimentos em auditorias e equipes especializadas. “Embora possa elevar custos e aumentar o tempo de desenvolvimento, a lei também oferece segurança jurídica e oportunidades para companhias e startups que adotarem práticas responsáveis, permitindo destaque competitivo no mercado. Além disso, ela vai incentivar a prevenção de vieses algorítmicos e a responsabilidade pelas decisões automatizadas, impulsionando o uso ético e sustentável da IA”, conta.

Compra e venda de ingressos online
Uma vez que plataformas que fazem a venda e gestão de ingressos online utilizam o chat-commerce via WhatsApp com IA para automatizar vendas, recomendar eventos e melhorar o atendimento, esse marco impacta o modelo de negócio e traz mudanças que devem ser acompanhadas de perto. Paulo Damas, CTO e Sócio Fundador da Bilheteria Express, reforça que “no cenário mais amplo, o Marco Legal da IA pode transformar o ecossistema de negócios no Brasil. Por um lado, traz mais segurança jurídica, estabelecendo diretrizes claras e protegendo os consumidores. Isso pode fortalecer a confiança e acelerar a adoção de novas soluções tecnológicas. Por outro lado, é essencial que essa regulamentação não crie barreiras burocráticas que dificultem o crescimento de empresas que já utilizam IA de forma ética e responsável. Setores como e-commerce, entretenimento e atendimento digital dependem da automação inteligente para escalar operações e oferecer experiências personalizadas”, declara.
Com o Marco Legal, o Brasil dá um passo significativo para regulamentar o uso da inteligência artificial, oferecendo um arcabouço que busca equilibrar inovação e ética. Especialistas concordam que a medida tem potencial para fomentar novos negócios, atrair investimentos e colocar o país no radar global da tecnologia, desde que seja implementada de forma eficiente e colaborativa.