Desde 2008, data em que foi criado, o fundo já recebeu R$3,3 bilhões em doações. Ao todo, R$3,18 bilhões, cerca de 93% da quantia total, foram repassados somente pela Noruega. Foto: ANSA
O ministro do Clima e Meio Ambiente da Noruega, Ola Elvestuen, anunciou ontem (15) a suspensão dos repasses de 300 milhões de coroas norueguesas, o equivalente a R$134 milhões, destinados ao Fundo Amazônia.
A informação foi revelada pelo jornal norueguês “Dagens Næringsliv” (DV), especializado em negócios, que afirma que a decisão foi tomada porque o governo local estaria insatisfeito com as novas diretrizes dos comitês do fundo – reserva de capital estrangeiro gerida
pelo BNDES destinada à preservação e combate ao desmatamento.
De acordo com a publicação, tanto o país quanto a Alemanha, que também anunciou a suspensão do repasse nos últimos dias, são contrárias as novas mudanças que estão sendo debatidas em Brasília. “O Brasil rompeu o acordo com a Noruega e a Alemanha desde o fechamento da diretoria do Fundo Amazônia e do Comitê Técnico. Eles não podem fazer isso sem acordo” com esses dois países, afirmou Elvestuen ao jornal.
Desde 2008, data em que foi criado, o fundo já recebeu R$3,3 bilhões em doações até hoje. Ao todo, R$3,18 bilhões, cerca de 93% da quantia total, foram repassados somente pela Noruega. Na reportagem, o ministro ainda indicou que, nos últimos meses, os números relacionados ao desmatamento da Amazônia sofreram uma multiplicação em comparação com o mesmo período de 2018.
Segundo Elvestuen, isso pode demonstrar que o governo de Jair Bolsonaro “não quer mais parar” com a devastação da maior floresta do mundo. “Isso é muito sério para toda a luta pelo clima. A Amazônia é o pulmão do mundo e todos nós dependemos inteiramente da proteção da floresta tropical. Não há cenários para atingir as metas climáticas sem a Amazônia”, acrescentou.
Nos últimos dias, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, fez críticas contra a forma como os recursos do Fundo Amazônia são geridos. Ele propôs usar parte do valor para indenizar ruralistas que tiveram suas terras desapropriadas em unidades de conservação, medida rejeitada pelos europeus. Na quarta-feira (14), no entanto, o presidente Jair Bolsonaro chegou a falar sobre a decisão alemã ressaltando que a chanceler Angela Merkel deve “pegar a grana” bloqueada e reflorestar a Alemanha (ANSA).