Embora a participação feminina tenha alcançado índices maiores em diversas posições da sociedade, a equidade de gênero no mundo corporativo ainda não é uma realidade. A boa notícia é que, até 2030, a presença feminina no mercado de trabalho deve crescer mais que a masculina. Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) estimam que 64,3% das mulheres estarão empregadas em idade ativa (17-70) ou buscando um trabalho.
Além disso, apesar de o relatório Women in Business 2022, da Grant Thornton, revelar que apenas 38% dos cargos de liderança no Brasil são ocupados por mulheres, há um avanço significativo neste índice: em 2019, apenas 25% estavam sob o comando feminino. Setores como o de inovação, construção e tecnologia mostram sinais de crescimento em relação à participação feminina.
Antes vistos como ambientes “masculinos”, esse mercado claramente se encontra em transformação, graças às profissionais que vêm fazendo a diferença e servindo de referência para as futuras gerações. Neste mês das mulheres, quatro líderes de diferentes segmentos contam como se sentem, onde estão e como observam o cenário, para destacar a importância de incentivar a participação das mulheres no mercado de trabalho.
A advogada Júlia Cândido, atual Superintendente de Riscos e Contratos da Andrade Gutierrez, iniciou a carreira na AG ainda como estagiária e hoje é responsável por gerenciar quatro áreas dentro da construtora. “Todos os dias penso nas mulheres que abriram caminhos para a minha geração e espero conseguir fazer o mesmo para as que virão”, comenta.
Na sua opinião, muitas pessoas não reconhecem a falta de equidade de gênero no mercado ou, quando reconhecem, não se sentem parte do problema. Para ela, as organizações precisam investir, primeiro, na conscientização sobre o tema e sua natureza estrutural. “Esse resultado pode ser acelerado por ações afirmativas, como definição de metas de contratação e promoção de mulheres”, defende Júlia.
Luiza Souza, Consultora de Inovação da Andrade Gutierrez, também faz parte da parcela feminina que está mudando essa realidade. Publicitária com especialização em inovação e empreendedorismo, ela relata que sente orgulho em estar inserida nesse mercado. “A inovação é uma ferramenta de transformação social e econômica. Me sinto contente em poder atuar nesse mercado e utilizar essa ferramenta para criar conexões e inspirar outras mulheres que desejam estar nessa posição.”, explica.
. Tecnologia: desafiando estereótipos e impulsionando a mudança – A baixa participação das mulheres em cargos de gerência tem desafiado as empresas a aumentar a diversidade em seus quadros. Dados de uma pesquisa realizada pela Grant Thornton mostram que apenas 38% dos cargos de liderança no Brasil são ocupados por mulheres.
Para Juliana Martins, diretora de operação da Nexaas, retail tech especialista em inovação para o varejo, a adoção de práticas que desenvolvam talentos femininos, como considerar mais candidatas do sexo feminino para contratação, promoção e treinamento ajudam a acelerar a diversidade. A executiva afirma que ser mulher em um ambiente corporativo ainda esbarra em uma grande dificuldade cultural.
“Como mulher em uma posição de liderança, me sinto orgulhosa e realizada, principalmente quando pensamos que o número de mulheres em cargos de diretoria ainda representa um percentual muito baixo”, afirma Martins.
. Mercado em transformação – Neste mês de março, devido ao Dia Internacional das Mulheres, é comum aumentar o debate nas empresas sobre equidade de gênero, fazendo as companhias repensarem suas estratégias de inclusão e desenvolvimento de talentos. Um exemplo prático é o ManpowerGroup, líder global em serviços e soluções inovadoras de capital humano, que abrange desde a busca e recrutamento de pessoal até a gestão, desenvolvimento de talentos e transição de carreira, que atualmente possui programas de coaching, mentoria reversa e patrocínio, além de palestras sobre carreiras.
“Temos o objetivo de que, até 2025, 50% dos cargos de liderança sejam ocupados por mulheres; falamos constantemente sobre o assunto e promovemos um local de trabalho inclusivo e uma cultura que ajuda as pessoas a avançarem em suas carreiras profissionais”, afirma Mónica Flores Barragán, presidente do ManpowerGroup LATAM.
Ela explica que a cultura de negócios essencialmente masculina impede que mais mulheres cheguem aos cargos de decisão e até mesmo se incorporem à força de trabalho formal. Ainda há uma carga social importante, onde é assumido que mulheres devem ser responsáveis pela casa e pelos filhos, o que dificulta assumir jornadas completas ou cargos de maior responsabilidade que impliquem mais tempo, mais viagens ou mais estresse.
Para a presidente da empresa, estar em um cargo de liderança é uma grande responsabilidade, ainda mais por saber que outras mulheres, homens, meninas ou meninos podem vê-la como referência. “Às vezes penso que, como mulher, tenho que provar muito mais do que os homens, e trabalho diariamente para tirar esse pensamento da minha cabeça. Como me sinto não tem nada a ver com o meu gênero, mas sim com a satisfação pessoal e profissional que tenho no meu cargo”, finaliza. – Fonte: Agência NoAr (https://www.agencianoar.com.br/).