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MPF: esquema envolvendo Temer e Moreira Franco movimentou R$ 1,8 bilhões

em Manchete Principal
quinta-feira, 21 de março de 2019
MPF temproiario

MPF temproiario

O ex-presidente Michel Temer foi presos ontem (21), acusado de receber propina de obras relacionadas à Usina Nuclear Angra 3, no Rio de Janeiro.  Foto: Marcos Correa/PR

O ex-presidente Michel Temer e o ex-ministro Moreira Franco, junto com os demais presos ontem (21), teriam movimentado irregularmente, R$ 1,8 bilhão, envolvendo vários órgãos públicos e empresas estatais, segundo o Ministério Público Federal (MPF). A organização atuava há 40 anos, tendo entre os envolvidos, Temer e o amigo dele João Baptista Lima Filho, conhecido como coronel Lima.
A procuradora Fabiana Schneider disse que a organização começou quando Temer era secretário de Segurança de São Paulo e coronel Lima como auxiliar imediato. “Lima passou a atuar na Argeplan (empresa e engenharia), com vários contratos públicos. Houve crescimento de contratações da Argeplan quando Temer ocupou cargos públicos. Uma planilha identifica pagamentos e promessas ao longo de 20 anos para MT, ou seja, Michel Temer”, disse a procuradora.
O procurador regional da República, Eduardo El Hage, explicou que o valor de R$ 1,8 bilhão é fruto da soma de todos os crimes supostamente relacionados ao grupo, nos últimos 40 anos. “Existe uma tabela discriminando todos os valores de propinas na peça do MPF. Eles vêm assaltando os órgãos públicos há décadas”. “O grupo criminoso adotava como modus operandi o parcelamento da propina por vários anos. Todas as propinas que identificamos ou que esteja em investigação, promessa ou paga, somamos e chegamos a esta cifra”, segundo o procurador da Lava Jato, Sérgio Pinel.
Segundo a procuradora Fabiana Schneider, o caso da mala de dinheiro apanhada por Rodrigo Rocha Loures propiciou a coleta de áudios, que apontam que coronel Lima atuava na intermediação para entrega de dinheiro. A reforma na casa de Maristela Temer, filha do ex-presidente, segundo a procuradora, usou dinheiro ilícito. “O dinheiro entrava na Argeplan e saia em benefício da família Temer”, disse. Foi identificado pelo Coaf uma tentativa de depósito de R$ 20 milhões na conta da Argeplan, em outubro de 2018.
Temer e Moreira Franco ficarão detidos em uma cela especial da Unidade Prisional da PM, em Niterói. A determinação é do juiz Marcelo Bretas, titular da 7ª Vara Federal Criminal. Os procuradores alegaram que, por ser ex-presidente da República, Temer tem direito a tratamento especial, assim como Moreira Franco, que foi ministro até dezembro de 2018. O coronel Lima também terá direito a cela especial no Estado Maior da PM, em Niterói. Segundo o MPF, o coronel é o operador do esquema de corrupção chefiado pelo ex-presidente.
O advogado do ex-presidente, Eduardo Carnelós, disse, por meio de nota, que a prisão de Temer não tem fundamentos. Em nota, a defesa de Moreira Franco manifestou “inconformidade com o decreto de prisão cautelar” (ABr).