Rio – O objetivo da política econômica tem que ser o desenvolvimento e o Brasil deve ter uma visão para além do ajuste fiscal. Foi com essas palavras que o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Armando Monteiro, abriu seu discurso em um encontro com empresários ontem (1), no Rio de Janeiro. “Não podemos ficar prisioneiros de uma visão de curto prazo”, afirmou.
Depois de ouvir o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, dizer que os empresários e governadores buscam alento em seu gabinete quando saem deprimidos de reuniões com o representante da Fazenda, Joaquim Levy, Monteiro enfatizou que o ajuste não pode ter um efeito paralisante sobre reformas essenciais para o País no período pós-ajuste fiscal.
“O ministro do Desenvolvimento tem que jogar no ataque, não pode jogar na defesa”, brincou. Recentemente, Monteiro demonstrou insatisfação com a decisão da equipe econômica de reduzir os recursos do Sistema S e mais uma vez a alíquota do Reintegra, programa que concede benefício fiscal a exportadores, que Monteiro reafirmou ter o compromisso de recompor. Representante da indústria, o ministro foi excluído das negociações.
Monteiro lembrou que o País já passou por outras crises, como o choque cambial no fim dos anos 90, quando “o Brasil também viveu uma crise de confiança”, destacou. Em sua análise a crise atual não é cambial, nem de liquidez, já que o Brasil constituiu reservas robustas desde então, mas uma crise estrutural. Ele mencionou a trajetória das contas públicas e fez referência a estudo dos economistas Samuel Pessoa, Marcos Lisboa e Mansueto Almeida que aponta um aumento de 0,5% do PIB ao no gasto público nas últimas duas décadas.
Segundo ele, o Brasil já não tem mais como suportar pelo fim da conjuntura internacional favorável e a impossibilidade de elevar a carga tributária como nos últimos anos. A instituição de impostos como a CPMF está entre as propostas do governo no ajuste. “Não há outra forma de reequilibrar economia que não seja ampla reforma no gasto público. Não há como desconsiderar reformas na Previdência”, defendeu, destacando a previsão de déficit previdenciário de R$ 35 bilhões em 2015 e a estrutura de vinculação de despesas no orçamento (AE).
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