Ao deixar o governo, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, disse não se sentir traído, mas “um pouco decepcionado”. Levy manifestou preocupação com a situação do país e se disse injustiçado pela repercussão das políticas de ajuste fiscal executadas. Em comunicado enviado à imprensa, o ministro declarou que boa parte da crise econômica decorre de incertezas políticas. Fez um balanço de sua gestão à frente da pasta.
“Chego ao fim de 2015 preocupado com a situação do país, particularmente com a da economia”, destacou o ministro no texto, enviado horas depois de um café da manhã com jornalistas. Segundo Levy, a recessão não decorre apenas da política de corte de gastos públicos e do realinhamento de preços administrados, mas da incerteza política.
Segundo ele, a presidenta Dilma Rousseff está empenhada em executar o ajuste fiscal. “Boa parte da queda do PIB decorre de processos políticos, que tiveram importante impacto na economia, criando incerteza e multiplicidade de cenários que levaram à retração da atividade de empresas e indivíduos”, acrescentou. Apesar de afirmar que a presidenta está comprometida com o ajuste fiscal, o ministro criticou a não implementação de medidas na velocidade necessária.
Segundo ele, a demora em executar o ajuste fiscal pode comprometer o trabalho feito até agora. “Em alguma medida, a falta de maior sinalização de disposição mais imediata de esforço fiscal por parte do Estado brasileiro também piorou as expectativas dos agentes econômicos, inibindo decisões de investimento e consumo, com reflexos negativos no nível da atividade econômica e na geração de empregos, que poderão se estender por 2016″, ressaltou o ministro no comunicado.
Para Levy, a aprovação da meta de superávit primário de 0,5% do PIB traz uma indicação importante para os agentes econômicos. Ele, no entanto, ponderou que a não aprovação de medidas provisórias que aumentariam a arrecadação ampliam o desafio de cumprir a meta de economizar R$ 30,5 bilhões no próximo ano.
Joaquim Levy destacou ainda as propostas de unificação das alíquotas do ICMS e de simplificação do PIS e da Cofins, mencionando a parceria do governo com o Congresso, que resultou na aprovação da repatriação de recursos legais mantidos no exterior. Disse ainda que os esforços do ajuste fiscal um dia serão reconhecidos.
“O tempo saberá mostrar os resultados que se colherão de tudo que foi feito até agora neste ano e que, tenho certeza, ainda será feito para trazer o Brasil de volta para o caminho do crescimento, com transparência, responsabilidade fiscal e justiça”, concluiu o comuicado (ABr).
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