O contingente de pessoas que atrasaram o pagamento de suas contas cresceu 3,21% em junho comparativamente ao mesmo mês do ano passado, apurou o SPC Brasil e Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL). Os brasileiros na faixa dos 30 anos são os que mais devem. E as contas de telefone, TV por assinatura e internet foram as que tiveram a maior alta no período.
Ainda assim, na margem, a inadimplência total teve a menor expansão anual desde 2011, início da série histórica revisada da instituição. O número de negativados caiu para 59,1 milhões na passagem de maio para junho de um total de 59,25 milhões na pesquisa anterior.
Este número atual de inadimplentes representa 39,76% da população com idade entre 18 e 95 anos. Para um balanço do semestre, mais de dois milhões de brasileiros passaram a fazer parte das listas de inadimplentes somente no ano de 2016, já que em dezembro de 2015 era contabilizado um total de 57,1 milhões de brasileiros com restrição do crédito. O indicador não leva em consideração a região sudeste devido a entrada em vigor da ‘Lei do AR’, que dificulta a negativação de inadimplentes em São Paulo.
Para o presidente da CNDL, Honório Pinheiro, a desaceleração do indicador não pode ser interpretada como um sinal de que os consumidores com contas em atraso estão quitando suas dívidas, mas como um reflexo do crédito mais restrito. “Os juros elevados, a inflação corroendo o poder de compra tornam os bancos e os estabelecimentos comerciais mais rigorosos na política de concessão de financiamentos, o que implica em uma menor oferta de crédito na praça. Essa menor oferta de crédito funciona como um limitador do crescimento da inadimplência”, explica o presidente.
A economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, analisa que por ora, é precipitado atribuir os sinais de estabilidade da inadimplência ao desempenho da economia, já que a retomada da melhora do ambiente econômico, quando vier, exigirá tempo para traduzir-se em aumento do emprego e da renda. “O freio na trajetória da inadimplência sucede um período em que o número de devedores cresceu muito rapidamente em virtude da crise econômica”, disse.
O balanço do semestre, ao apontar dois milhões de novos negativados apenas neste ano, é prova disso, explica Marcela. “Agora, porém, a dificuldade de equacionar o orçamento começa a deparar-se com o limite do estoque de crédito. Desse modo, o indicador mostra certa acomodação do número de inadimplentes. Ou seja, quem está com o nome sujo não consegue recuperar crédito, mas há também menos brasileiros se endividando”, explica a economista (AE).
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