Brasília – O quadro para a indústria em 2015 é fortemente negativo e não há sinais de reversão, avaliou ontem (4), o gerente-executivo de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco. Segundo o economista, o quadro recessivo do setor se intensificou no segundo trimestre deste ano.
Castelo Branco afirmou que todos os indicadores mostram declínio no segundo trimestre, confirmando uma trajetória de queda. Ele explicou que o aumento de 0,8% na massa salarial em junho é principalmente explicada pelo aumento do desemprego. “A medida em que as empresas reduzem seus contingentes, fazem demissão, tem que fazer alguns pagamentos relativos à dispensa e isso termina tendo esse paradoxo, que é o aumento da massa salarial. É um aumento temporário que não se sustenta”, avaliou.
Ele ressaltou que apesar do aumento de 80,0% para 80,1% no aumento da capacidade instalada de maio para junho, o quadro é de relativa estabilidade, mantendo um nível baixo. “Vamos ter quadro negativo para a indústria (em 2015) com absoluta certeza. A intensidade é que não sabemos”, disse.
Na opinião de Flávio, o quadro internacional é semelhante ao do últimos cinco anos. “Não há agravamento no quadro internacional”, afirmou. Ele ressalta que os efeitos do câmbio valorizado tem efeito rápido sobre a redução das importações, mas uma defasagem de tempo sobre as exportações. “A taxa de câmbio vai ter impacto positivo no setor manufatureiro, mas isso demora um tempo para ocorrer. Precisa ter um ambiente externo para ajudar. Um ambiente externo com pouca demanda não ajuda”, explicou.
A produção industrial caiu 0,3% em junho ante maio, na série com ajuste sazonal, indica a Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física, divulgada IBGE. O resultado veio dentro do intervalo de expectativas dos analistas de 46 instituições ouvidos pelo AE Projeções, que esperavam desde queda de 1,60% a recuo de 0,20%, com mediana de -0,80%.
Em relação a junho de 2014, a produção caiu 3,2%, a 16ª taxa negativa consecutiva nesta comparação, algo inédito na série da pesquisa do IBGE, iniciada em 2002. Apesar disso, o recuo foi menos intenso do que os observados em abril (-7,9%) e maio (-8,9%), também na comparação com igual mês do ano passado, notou o IBGE. Na comparação anual, sem ajuste, as estimativas variavam desde queda de 11,00% a retração de 3,30%, com mediana negativa de 5,00%. No ano, a produção da indústria acumula queda de 6,3% até junho. Já em 12 meses, o recuo é de 5,0% (AE).
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