A situação do mercado de trabalho continuará se deteriorando nos próximos meses, com maior impacto entre as famílias de menor renda, avalia o economista Rodrigo Leandro de Moura, pesquisador da Fundação Getulio Vargas (FGV). A entidade divulgou os Indicadores de Mercado de Trabalho de junho. De acordo com o especialista, trata-se de uma novidade em relação a meses anteriores, quando a percepção de piora do emprego ocorria em todas as faixas de renda. Em junho, o fenômeno ocorreu exclusivamente entre os mais pobres, com renda familiar de até R$ 2.100.
“A percepção de piora no mercado de trabalho foi apenas na classe de renda mais baixa. Nas outras, ficou praticamente estável. O resultado indica que famílias de menor remuneração devem sofrer mais com o desemprego daqui por diante”, disse Moura. O Indicador Coincidente de Desemprego (ICD) avançou 1,6% em junho ante maio, para 89,7 pontos na série com ajuste sazonal. Trata-se do maior resultado desde maio de 2009 (90,4 pontos). O indicador é construído a partir de sondagens de consumidor, que são divididas por extratos de renda.
O economista destacou ainda que o Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) tem se mantido em níveis históricos baixos, mais um indicativo da possível piora do mercado de trabalho nos próximos meses. O índice recuou 1,1% em junho ante maio, na série com ajuste sazonal. Com isso, atingiu 65,7 pontos. Esse resultado tem sido puxado por dois setores. “O emprego na indústria continua ladeira abaixo. O empresariado do setor deve continuar demitindo nos próximos meses, em meio ao processo de desindustrialização, com redução da participação do setor na economia”, destacou.
Outro sinal vermelho vem do setor de serviços, que no ano passado ainda estava contratando. “O setor de serviços é o que apresentou a mudança mais considerável em relação ao ano passado, uma vez que está demitindo agora e, em 2014, ainda contratava”, disse o economista (AE).
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