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Escola internacional de Negócios abrirá Capítulo Brasileiro

em Manchete Principal
quarta-feira, 01 de novembro de 2023

Proposta do Lisbon MBA é formar líderes com o perfil para as demandas atuais e do futuro.

Da Redação
Em 15 anos cerca de 80% das profissões atuais vão desaparecer. A previsão é de Maria José Amich, fundadora da WomenWinWin, associação sem fins lucrativos que apoia mulheres empreendedoras; sócia-fundadora da Professional Women Network em Portugal e membro do board do Fórum de Administradores de Empresas (FAE). A executiva esteve nesta semana de passagem pelo Brasil, agora em nome do The Lisbon MBA Católica|Nova em colaboração com MIT, cuja missão é apoiar e incentivar alunos para se tornarem verdadeiros líderes globais, gerando impacto no mundo corporativo e na sociedade. Maria José constrói parcerias locais com a Fundação D. Cabral, Coppead-Rio e o Insper e proximamente abrirá uma “embaixada” no Brasil para gerenciar regionalmente o The Lisbon MBA que, executado em parceria entre a Católica-Lisbon, Nova SBE (Escola de Negócios da Universidade de Lisboa) e MIT Sloan (Estados Unidos), é hoje uma das 100 melhores escolas de negócios no mundo, segundo ranking do Financial Times.

O aperto de mão é forte. Olho no olho sempre e um sorriso largo no rosto. Pelo jeito, a entrevista prometia sinceridade. E cumpriu. Assim fomos recebidos por Maria José Amich, diretora executiva do The Lisbon MBA, com um interessante e agradável sotaque alternando um leve espanhol, permeado por um português ora de Portugal ora do Brasil. Ela, que nasceu na Espanha e vive em Lisboa há 25 anos, é casada com um brasileiro. São apenas detalhes, mas carregados de simpatia que fizeram a conversa com Empresas&Negócios fluir de maneira objetiva e compensadora.

Do futuro falamos um pouco e do presente bastante.

— A vocação do líder é inata ou é possível forjá-lo, lapidando, formando-o no dia a dia? – perguntamos a Maria José, durante entrevista concedida ao jornal.

— É certo que sim e é esta a nossa missão – respondeu, rápida, a diretora executiva do The Lisbon MBA que trabalha com um público de até 60% de estrangeiros, de 22 nacionalidades. É gente de toda a Europa (ocidental, na maioria), Rússia, China, Moçambique, Angola, muitos brasileiros e, recentemente, de norteamericanos. A instituição tem um total de 3.000 alumni.

Imagem: BGStock72_CANVA

Para a diretora executiva, o espírito de cooperação das europeias Católica-Lisbon, SBE e da norteamericana MIT Sloan (mesmo grupo do tradicional MIT, de tecnologia e inovação) levou as atividades a um patamar de excelência inquestionável. Este curso MBA, por exemplo, é todo feito em inglês (daí atrair gente do mundo inteiro), em 12 meses, e prevê um mês de imersão em Boston (EUA). O curso (The Lisbon MBA International) que começará em 8 de janeiro próximo custa 44.500 euros e inclui viagem e acomodação em Boston. Já o “The Lisbon MBA Executive, part-time”, de 22 meses, iniciará em setembro de 2024 e o valor é de 32.600 euros. Neste caso não está inclusa viagem a Boston (imersão no MIT).

No Brasil a parceria imediata com Insper, Coppead e D. Cabral foca em consultorias internacionais, além de um projeto com a Galp (empresa portuguesa de mobilidade), e um bocadinho mais à frente em cursos também. Daí a preparação do Capítulo Brasil, como já acontece em vários outros países (Alemanha, Suíça e Índia, entre outros).

CONSTRUÇÃO

A liderança é um processo em construção para a maioria dos alunos, uma vez que “o talento é escasso”, revela Maria José, adiantando que a gestão do curso precisa estar permanentemente atenta uma vez que as exigências de formação mudam. Conseguir juntar ciência e arte é um passo decisivo para os novos líderes. É importante ter conhecimento, e prática, de finanças, mas já é preciso ir além. “Quando nosso aluno está tecnicamente preparado, no mundo das exatas, vem a empresa e nos pede um pouco mais de humanidade neste novo profissional”, ilustra.

Imagem: pixelfit_CANVA

Sobre empregabilidade, o The Lisbon MBA garante que tem índice de 93% em até 3 meses após a formação. Quanto aos brasileiros, ela os classifica como de nível avançado, ágeis, criativos e bem informados. Pode perder para o alemão, em termos de planejamento, por exemplo, mas ganha em adaptabilidade e agilidade mental.

Para treinar lideranças e liderados, muda-se o “cabeça” do projeto, a cada novo trabalho. “Assim todos aprendem a ser líderes e liderados”, comenta ela que, regra geral, não vê diferenças importantes entre homens e mulheres. A liderança masculina costuma focar muito em resultados e tem maior apetite ao risco, enquanto a feminina traz como característica maior espírito de colaboração e aversão ao risco. “Do jeito que estão as novas gerações, cada vez mais iguais, essas fronteiras tendem a desaparecer”, pontua.

Portugal é porta de entrada cultural
Esqueçam aquela país quase medieval, motivo de piadas de brasileiros que diziam: “Portugal é um bom lugar e está a um pulinho da Europa…” Hoje, a pátria de Camões, Eça de Queiroz, Fernando Pessoa, Florbela Espanca e Saramago (Nobel de Literatura em 1998), entre tanta gente boa, mostra que o país pode ser muito mais que um trampolim econômico no Velho Mundo. Portugal é também refúgio intelectual para jovens do mundo inteiro, e em particular brasileiros.

É normal que depois de certa idade pessoas busquem qualidade de vida. Portugal tem. Que exista, nesta qualidade, segurança em nível tão alto que não lhes mereça preocupação. Portugal tem. Que abra possibilidades de crescimento, em razão de seu nível tecnológico atual e ofereça ensino de alta qualidade. Portugal tem tudo isso e mais: um vinho a nos deixar embasbacados, ô pá. É um país muito giro, em síntese.

Imagem: Filograph_CANVA

Com tantas qualidades não é difícil saber porque tem tanto brasileiro indo morar na terrinha. Em números oficiais, ao final de 2022 havia 239.744 brazucas morando em Portugal. Como existem os “ilegais” também, é bem provável que o número ultrapasse os 300 mil. De acordo com o governo português, brasileiros são mais ou menos um terço dos estrangeiros.

Além de ser um país mais barato para se viver, comparado com Espanha e França, por exemplo, as perspectivas educacionais têm motivado os jovens, comenta Maria José. Não obstante inúmeros portugueses falarem o inglês e, assim, a internacionalização é facilitada.

E para não perder o humor, lembremos que há muitos fatores que nos unem a Portugal. O que nos separa é a língua…