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Empatia é essencial para equilibrar relações e diálogos

em Manchete Principal
domingo, 16 de julho de 2023

Habilidade ganha relevância ao criar ambiente aberto e seguro para trocar ideias, promovendo o crescimento na vida pessoal e profissional

Como a empatia pode transformar as desafiadoras relações interpessoais do mundo contemporâneo? Por que essa característica está no topo da lista das capacidades de pessoas emocionalmente inteligentes? Qual a correlação do desenvolvimento desta competência com as ferramentas corporativas utilizadas por líderes e colaboradores de sucesso? Como as opiniões empáticas podem se tornar aliadas do negócio e promover a construção de uma convivência mais harmônica?

De acordo com o psicólogo norte-americano Daniel Goleman, a empatia é um dos pilares da inteligência emocional, fundamentada na capacidade de compreender e considerar os sentimentos dos outros, para além das palavras. O autor do best seller “Inteligência Emocional” acredita que essa percepção é a essência da comunicação em todas as instâncias dos relacionamentos, seja no ambiente organizacional, seja no pessoal, criando um espaço aberto e seguro para trocar ideias, experiências e sentimentos, com isenção dos julgamentos.

O CEO, board advisor e headhunter da Prime Talent, David Braga, ressalta que a empatia desempenha um papel fundamental na expressão de opiniões, de forma construtiva e respeitosa. “Antes de expressar uma opinião, ouça com atenção as perspectivas dos outros. Demonstrar interesse genuíno pelo que os outros têm a dizer ajudará a estabelecer uma base empática para que as pessoas possam compartilhar ideias”, orienta.

A pesquisadora e professora na Universidade de Houston, Brené Brown, defende quatro qualidades para a empatia: assumir a perspectiva do outro, reconhecer a emoção nos outros, comunicar essa emoção e se afastar dos julgamentos. Reconhecida por falar e escrever sobre empatia, ela define essa habilidade como o “sentir com as pessoas”, criando uma conexão a partir da identificação com a dor do outro.

“Se colocar no lugar da outra pessoa e tentar compreender suas motivações, experiências e crenças é essencial”, assinala David Braga. “Ao expressar sua opinião com empatia, você tem mais chances de promover um ambiente de diálogo respeitoso e construtivo, onde todos se sintam valorizados e ouvidos”, reforça. Essas atitudes, de acordo com o headhunter, além de motivar a compreensão mútua, criam oportunidades de encontrar soluções e pontos de vista comuns.

Crise de empatia gera conflitos
Nos últimos oito anos, os dados do State of Workplace Empathy Report/Businessolver atestaram que a empatia é fundamental para o engajamento, a cultura e o sucesso organizacional dos colaboradores e gestores. No entanto, a pesquisa de 2023 apontou o crescimento de uma lacuna na aplicação dessa habilidade nos ambientes corporativos, alertando para uma crise de empatia profissional.

Os resultados demonstraram que, para 68% dos profissionais de RH, o CEO é empático – uma queda de 16 pontos em relação a 2022. Por outro lado, 92% dos CEOs consideram os profissionais de RH empáticos – um salto de 27 pontos no comparativo com 2022. Em relação aos colaboradores, os líderes têm uma percepção de 78% de empatia – outra queda de 16 pontos.

“Algumas pessoas podem não estar abertas a diferentes pontos de vista, reagindo negativamente quando confrontadas com ideias contrárias às suas”, assinala o CEO da Prime Talent, chamando a atenção para conflitos, críticas e até mesmo o isolamento social, dependendo do contexto pessoal ou profissional. “Se você está em um ambiente onde as pessoas têm visões polarizadas, os confrontos tendem a ser intensos. Por isso, é muito importante analisar o momento certo de dar a sua opinião”, alerta.

Embora os riscos sejam inerentes, a liberdade de expressão é um direito fundamental. Nessa perspectiva, David Braga destaca a importância do equilíbrio consciente entre a empatia e as opiniões nas diversas relações. “Busque sempre se expressar por meio de um diálogo aberto e respeitoso, considerando que, assim como você tem suas próprias opiniões, as outras pessoas também terão”, conclui.

(*) É CEO, board advisor e headhunter da Prime Talent, empresa de busca e seleção de executivos, presente em 30 países pela Agilium Group; é conselheiro de Administração e professor convidado pela Fundação Dom Cabral; além de conselheiro da ABRH MG, ACMinas e ChildFund Brasil. Instagrams: @davidbraga | @prime.talent