O emprego na indústria paulista encerrou 2015 completamente no vermelho. Foram fechadas 235 mil vagas no ano (53.500 em dezembro), com piora em todas as regiões do Estado e em todos os setores industriais. Os dados são da Pesquisa de Nível de Emprego, elaborado pelo Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp e do Ciesp (Depecon).
E o prognóstico para o emprego industrial em 2016 indica não só a ausência de um processo de recuperação como mais perdas de postos de trabalho ao longo do ano. O Depecon projeta queda de 6% do emprego na indústria em 2016, o equivalente a pelo menos 165 mil vagas fechadas este ano. Na avaliação do gerente do Depecon, Guilherme Moreira, a desvalorização do real frente ao dólar pode trazer “um pouco de alento para a indústria. Mas a forte queda da demanda doméstica não garante perspectiva de que 2016 recupere os empregos perdidos em 2015”.
De acordo com Moreira, se a perspectiva para 2016 se concretizar, a indústria de São Paulo terá demitido mais de 500 mil trabalhadores entre 2014 e 2016. No ano retrasado, o setor fechou 129,5 mil vagas.
Ele explica que, em tempos de crise, a indústria é o primeiro segmento da economia a desaquecer. Mas, no momento de recuperar as perdas, é o setor manufatureiro que, tradicionalmente, deveria liderar o país na retomada do crescimento.
O gerente do Depecon lembra que o primeiro passo em direção à recuperação deve ser a retomada da confiança empresarial para voltar a investir. “Em todos os indicadores a queda da confiança é generalizada, tanto da indústria, quanto do comércio, serviços e por parte dos consumidores. Então, o primeiro passo é ter confiança. Mas isso depende de uma série de fatores que a gente não enxerga hoje no horizonte”, afirma.
Na passagem de novembro para dezembro, a indústria paulista demitiu 53,5 mil trabalhadores, uma variação negativa de 2,26%. Embora seja expressivo, este não é o pior resultado da série histórica da pesquisa da Fiesp, iniciada em 2006. Em dezembro de 2008, por exemplo, a taxa foi negativa em 5,07%. Já a variação acumulada do ano, que despencou 9,26%, é a pior da série histórica. O resultado do ano passado é pior ainda que o registrado em 2009, auge da crise, quando o emprego acumulou perdas de 4,59%.
Entre os setores que mais demitiram em 2015, destaque para a indústria automotiva, que fechou 33.217 vagas, seguido pelo segmento de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos, com 33.057 postos de trabalho a menos. O setor de máquinas e equipamentos demitiu 28.496 trabalhadores ano passado, enquanto a indústria de confecção de artigos do vestuário e acessórios fechou 21.130 vagas. Somente esses quatro setores correspondem a praticamente metade das vagas encerradas no ano (Fonte: Fiesp/Ciesp).
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