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Demanda fraca já contribui para limitar alta de preços ao consumidor

em Manchete Principal
sexta-feira, 08 de abril de 2016

O setor de vestuário vem registrando queda nas vendas. Há sinais de que o recuo das vendas está limitando a alta dos preços.

Rio – A demanda mais fraca já contribui para limitar o aumento dos preços ao consumidor, segundo os dados do IPCA, divulgados na sexta-feira (8), pelo IBGE. Dois itens que mostram bem o arrefecimento da demanda são as passagens aéreas, cujas tarifas recuaram 10,85% em março, e a refeição fora de casa, que subiu 0,55% no mês, apesar da alta de 13,27% acumulada pelo grupo Alimentação e bebidas nos últimos 12 meses.
“No mês de março, já se mostra o impacto da demanda, do desemprego, da falta de dinheiro mesmo da população, no sentido de cumprir a oferta dos produtos. No caso da alimentação fora de casa, os estabelecimentos já se mostraram reduzindo suas taxas de crescimento de preços. Esse é um exemplo clássico de redução de demanda com reflexo sobre o preço”, apontou Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE.
Quanto às passagens aéreas, os preços caem por causa do aumento da ociosidade das aeronaves, avaliou a pesquisadora, explicando que o País viveu no ano passado uma inflação de custos, devido ao aumento de itens administrados, como a energia elétrica, transportes e combustíveis. “Tudo isso gera uma pressão de custos, que vai ser mais ou menos repassada, a depender da demanda. E se a demanda está menos aquecida como está agora, é mais difícil um comerciante ou prestador de serviços repassar seus custos represados”, justificou
Apesar da demanda mais fraca, o IBGE lembra que alguns itens permanecem subindo por conta de aumento de impostos e por força de contratos indexados, que repassam automaticamente aos preços a inflação acumulada em períodos anteriores. “Alguns aumentos são insistentes porque são indexados, como o plano de saúde. Então para eles é garantido que você tenha aumento todo mês do grupo que está fazendo aniversário de contrato”, concluiu.
A desaceleração no IPCA na passagem de fevereiro para março teve contribuição muito forte de apenas dois itens, energia elétrica e passagens aéreas, avaliou Eulina. As passagens aéreas tiveram novo recuo na tarifa em março, de -10,85%, o segundo maior impacto negativo sobre a taxa de 0,43% do IPCA do mês, o equivalente a -0,04 ponto porcentual. O item só ficou atrás da energia elétrica, que contribuiu com -0,13 ponto porcentual após a queda de 3,41% na tarifa.
“Os recuos foram muito concentrados na energia elétrica e passagens aéreas. Esses dois itens tiveram uma contribuição muito grande no sentido de conter a taxa do IPCA. E houve alguns itens que ficaram para trás, como os reajustes de Educação, cuja concentração ficou em fevereiro”, disse Eulina. “Ainda não é movimento generalizado de desaceleração. Ainda tem pressões para cima”, completou. Outros dois itens que contribuíram para desacelerar o IPCA foram a taxa de água e esgoto (-0,43%) e o gás de cozinha (-0,42%) (AE).