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Crescimento da economia dependerá do ambiente político internacional

em Manchete Principal
terça-feira, 14 de maio de 2024

Na mais recente versão de seu estudo Cenários de Longo Prazo, a Tendências Consultoria indica que as eleições nos EUA podem gerar riscos para o crescimento econômico nacional.

A possível reeleição de Donald Trump tem grande potencial de impactar o cenário econômico global e principalmente o do Brasil. É o que aponta o estudo Cenários de Longo Prazo da Tendências Consultoria, que antecipa três possíveis ambientes econômicos até 2033.

As projeções da consultoria para os próximos 10 anos indicam que a economia brasileira pode crescer em média 2,3% no Cenário Básico, 1,7% no Cenário Pessimista e 3,1% no Cenário Otimista, dependendo principalmente dos desdobramentos políticos e econômicos globais e domésticos.

Os principais riscos para o país caso Trump seja reeleito são o protecionismo e a redução de impostos nos EUA, que resultarão em aumento do déficit fiscal americano, maior inflação e pressão sobre os juros, o que pode impactar a economia brasileira pelos canais financeiro e de comércio.

No Cenário Básico, cuja probabilidade de ocorrência é de 65%, no curto prazo a previsão é de um pouso suave da atividade econômica nos países avançados, permitindo um gradual processo de flexibilização monetária. “A taxa média de crescimento da economia mundial no período projetado é de 2,8%.

Além das incertezas relacionadas ao contexto externo, esse cenário traz os elementos de apreensão no setor doméstico diante da fraqueza precoce da coalizão governista e do capital político limitado do presidente Lula na definição da agenda legislativa”, antecipa Alessandra Ribeiro, economista e diretora de Macroeconomia e Análise Setorial da Tendências Consultoria.

Imagem: Blue_Planet_Studio_CANVA

As projeções econômicas do Cenário Básico refletem um ambiente de controle entre os poderes com rivalidade crescente nos próximos anos em função da proximidade do calendário eleitoral. “O ponto de partida da projeção da Tendências para esse cenário deve ser a eleição de representantes da centro-direita para comandar a Câmara e o Senado no biênio final da terceira administração de Lula”, projeta Alessandra.

Já no Cenário Pessimista, que tem 25% de probabilidade de ocorrer, a cena global é mais instável, com maior resiliência inflacionária, exigindo políticas monetárias duras por mais tempo e maior tensão geopolítica. “Internamente, a corrosão da popularidade presidencial seria o gatilho para uma maior dificuldade na agenda fiscal no Congresso, gerando resultados fiscais abaixo das expectativas do mercado, e a economia cresceria em média 1,7% no período, contra 1,5% do projetado na edição anterior do nosso estudo”, comenta.

Nesse cenário, a principal manifestação do dilema político apareceria na gestão da política fiscal. A falta de governabilidade traria frustração da estratégia do governo em recuperar arrecadação para fazer frente às metas de superávit primário estabelecidas na aprovação do novo marco fiscal. Com isso, o governo faria mudanças radicais nas metas de política fiscal, alimentando uma nova onda de desconfiança fiscal.

Por fim, no Cenário Otimista, que tem 10% de probabilidade subjetiva de acontecer, a cena internacional é semelhante à do Básico. No âmbito doméstico, há um esfriamento da polarização política, o que diminuiria as divisões na coalizão governista. O aumento do capital político do presidente reforçaria os benefícios eleitorais do crescimento econômico.

Segundo Alessandra, “o principal gatilho de diferenciação desse cenário aparece na esfera política. A política externa brasileira investiria na estratégia de extrair ganhos de dois lados dos polos hegemônicos (China e EUA). O resultado mais efetivo dessa estratégia seria a costura do acordo comercial entre União Europeia e Mercosul no curto prazo, antecipando uma virada de ciclo político nos países avançados”. O crescimento médio projetado nesse cenário é de 3,1%. Esse patamar de crescimento colocaria o Brasil em posição privilegiada entre as economias emergentes diante da ordem econômica mundial em transformação.

Imagem: Maxiphoto_CANVA

“Nossa análise é de que, diante desse panorama desafiador, o Brasil precisa estar preparado para adotar medidas estratégicas e flexíveis para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades que surgirem, garantindo assim sua estabilidade econômica e um crescimento sustentável no longo prazo”, encerra Alessandra.

Principais premissas dos Cenários de Longo Prazo da Tendências Consultoria:

  • Cenário Básico: riscos à agenda econômica seguem limitados (probabilidade de ocorrência: 65%):
  • Preservação do pragmatismo econômico
  • Cenário político prolonga período de acomodação fiscal
  • Regulação da reforma tributária gera impacto positivo.
  • Cenário Otimista: coalizão governista aprofunda reformas (probabilidade: 10%):
  • Redução da polarização política ameniza divisões na coalizão governista
  • Ampla coalizão de governo gera maior apoio à agenda de recuperação das receitas, com efeitos positivos para o equilíbrio fiscal e macroeconômico
  • Estratégia bem-sucedida da política externa permite avanço no acordo comercial entre União Europeia e Mercosul.
  • Cenário Pessimista: mundo instável alimenta voluntarismo doméstico (probabilidade 25%):
  • Riscos geopolíticos acentuados
  • Insegurança política gera voluntarismo na agenda econômica
  • Política fiscal, monetária e crédito via bancos públicos são principais canais para materialização do voluntarismo – – Fonte e mais informações: (https://tendencias.com.br).