O Comitê de Política Monetária (Copom) iniciou na tarde de ontem (26), a primeira parte da reunião que decidirá o rumo dos juros hoje à noite. A grande expectativa é sobre o comportamento dos diretores Sidnei Marques e Tony Volpon, que, desde novembro, têm insistido em votar pelo aumento da taxa básica Selic, atualmente em 14,25% ao ano.
Como o mercado financeiro aposta maciçamente que o Banco Central cortará os juros na segunda metade do ano, por causa, entre outros pontos, da recessão econômica, espera-se que esses dois diretores mudem de posição para que o colegiado não acabe votando por uma queda ao mesmo tempo em que dois de seus membros ainda queiram ver uma alta.
A dúvida é sobre se essa mudança de posição já viria na reunião de ontem e hoje ou se eles preferirão aguardar mais um mês de avaliação de indicadores. A favor dessa aposta de inversão de votos está a redução da inflação corrente e das expectativas para o IPCA no Relatório de Mercado Focus. Não se sabe ainda se esses movimentos – vistos no último mês em especial – já serão suficientes para que os diretores mais hawkishes (conservadores) mudem de ideia.
O dólar também ajuda, comercializado na casa de R$ 3,50. Nas vésperas do Copom passado, no início de março, estava cotado acima de R$ 3,90. Da mesma forma, de lá pra cá, o IPCA acumulado em 12 meses cedeu de 10,36% em fevereiro para 9,39% em março e as projeções para a inflação deste ano caíram 0,59 ponto porcentual, de 7,57% antes do Copom anterior para 6,98% agora.
O que chama mais atenção é o grupo de instituições Top 5, conhecidas por serem as cinco que mais acertam os resultados da inflação no médio prazo. Neste caso, a expectativa para o IPCA de 2016 caiu de 7,95% para 6,66% Todas as previsões, vale lembrar, ainda estão acima do teto permitido de 6,50%.
A retração econômica também vem diminuindo as forças de negociações salariais vultosas, como era visto nos anos anteriores, e isso tende a ser mais um fator de menor pressão sobre a inflação e de liberação para o esperado corte de juros pelo mercado. Até agora, o BC vinha enfatizando de todas as formas possíveis que não há espaço para queda da Selic neste momento. Portanto, o foco, além da continuação ou não do dissenso, estará sobre a sinalização que o Comitê dará no comunicado que se seguirá à decisão hoje.
Esse documento será fundamental para calibrar as apostas para o Copom seguinte, marcado para os dias 7 e 8 de junho. Até lá, também, haverá mais informação sobre o comportamento dos preços e da atividade, além da ata da reunião, prevista para ser conhecida na quinta-feira da semana que vem (AE).
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