Fernanda Gobbo (*)
A crise climática global é uma realidade. Seja no Brasil ou em outros lugares do planeta, as pessoas e organizações estão sofrendo as consequências das mudanças abruptas do clima e de eventos extremos, como: enchentes, seca, calor intenso, derretimento das geleiras e etc. Sabemos também que as pessoas serão afetadas de maneiras diferentes, ou seja, aquelas que fazem parte de grupos ou estão em regiões de maior vulnerabilidade sofrerão de forma mais intensa e severa as ondas repentinas oriundas das mudanças climáticas.
Dessa maneira, ações pontuais ou isoladas não serão suficientes para fazer a diferença. É crucial pensar de maneira sistêmica e elaborar ações que não só garantam a preservação do meio ambiente como também das futuras gerações. Essa é a postura que consumidores e parceiros comerciais passam a exigir das empresas certificadas, B Corp. Atualmente, existem diversas organizações com um alto compromisso socioambiental, como a Nespresso.
Ano após ano, os modelos organizacionais dessas companhias evoluem, buscando gerar mais impacto positivo na sociedade, mas sempre equilibrando propósito e lucro. Consequentemente, investir em sustentabilidade está se tornando fundamental para a sobrevivência e crescimento de qualquer negócio a médio e longo prazo. Tais ações precisam ser estratégicas e alinhadas aos valores das marcas.
É crucial identificar a melhor forma de implementar práticas sustentáveis, estabelecer metas concretas e mensuráveis, e então executar e avaliar o impacto dessas ações. Como na Nespresso Professional estou intrinsecamente ligada a uma empresa fundamentada na inovação e comprometida com a agenda ESG (Environmental, Social, and Governance).
Diariamente converso com outras organizações e representantes que buscam fazer a diferença em seus respectivos mercados e comunidades. Por isso, reuni uma série de pontos cruciais e diretrizes essenciais para impulsionar o aprimoramento sustentável de outras empresas. Acredito que, do ponto de vista organizacional, essas diretrizes podem fazer toda a diferença no dia a dia de qualquer executivo. Confira:
- – Compreenda sua operação e onde ela está inserida – Qualquer empreendimento, independentemente do seu porte, gera impacto – positivo ou negativo, no curto, médio ou longo prazo. Ao abordar a sustentabilidade empresarial, é crucial que a companhia identifique e busque reduzir, eliminar ou conter os efeitos causados pela sua operação, seja na comunidade local ou no ecossistema. É essencial analisar a estrutura do negócio, mapear desafios e entender a consequência na sociedade e no meio ambiente.
Faço um parêntese aqui para a importância do olhar atento para o ecossistema, destacando toda a estrutura e cadeia, desde fornecedores até os colaboradores internos. É preciso diagnosticar problemas rapidamente e elencá-los em graus de prioridade, pois assim será possível contornar as situações da maneira mais efetiva.
É importante lembrar que ninguém faz nada sozinho! Quando se trata da compreensão dos impactos da operação de uma empresa na sociedade vale entender o entorno onde ela está inserida, ouvir as lideranças comunitárias, o que já tem sido feito, quais as necessidades e onde se deseja chegar. É fundamental estabelecer parcerias com quem já faz, ou seja, com as organizações locais e poder público.
- – Equipes alinhadas em prol da sustentabilidade – Profissionais competentes devem propor ações de curto, médio e longo prazo para mitigar os efeitos nocivos da organização em toda sua cadeia produtiva. Mais do que isso, equipes coesas e colaborativas desempenham um papel crucial na jornada rumo à sustentabilidade, oferecendo diversidade, inovação e cooperação necessárias para criar mudanças significativas e duradouras.
Por isso, reforço que toda a cultura organizacional da companhia deve estar alinhada e voltada para ações e metas dentro do âmbito socioambiental. Equipes e profissionais integrados conseguem resultados mais coesos e rápido, em comparação a ações isoladas e pontuais.
- – Compromisso a longo prazo – Um plano estratégico sólido, alinhado à realidade da empresa, é fundamental. Obter resultados rápidos sem um plano de monitoramento e indicadores objetivos de resultados, processos e impacto é um erro comum. A sustentabilidade precisa ser integrada à dinâmica do negócio e à cultura empresarial, tornando-se parte intrínseca das operações.
Todos os setores, desde logística até comunicação, devem estar preparados para aplicar a sustentabilidade no dia a dia. Importante também estabelecer momentos de pausa para analisar o que e como foi alcançado, corrigir rotas, celebrar e olhar para o futuro com mais energia e força.
- – Propósito e lucro – Uma empresa precisa, sim, gerar lucro. Contudo, foco na lucratividade e ações de sustentabilidade não andam separadas. É o que mostra estudo da Nielsen, que mostra que as marcas sustentáveis cresceram 4% a mais do que as que não tinham políticas desse tipo. Globalmente, 65% do total das vendas foi gerado por companhias com responsabilidade social.
Cada vez mais, as pessoas buscam empresas comprometidas com a redução do impacto ambiental, então é viável conciliar esses objetivos. O mesmo estudo destacou que 74% dos brasileiros preferem consumir produtos e serviços de empresas que tenham programas sustentáveis e 46% estão dispostos a pagar mais por produtos e serviços dessas empresas. O que prova que ações ESG influenciam positivamente nos resultados das vendas.
- – Não existe planeta B – Gosto bastante de destacar essa frase, pois essa afirmação ressoa como um lembrete da importância do cuidado com o meio ambiente e para a adoção de práticas sustentáveis. Dito isso, reforço que a preservação deste planeta não é apenas uma escolha, mas uma necessidade imperativa para as gerações presentes e futuras. Dessa maneira, é vital a compreensão de que nossas ações, e principalmente das organizações, podem e devem prever o total auxilio e amparo ao meio ambiente.
(*) – É Coordenadora de Sustentabilidade da Nespresso.