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Código de Barras é arma contra a pirataria

em Manchete Principal
sexta-feira, 09 de agosto de 2024

Mais de 50% dos selos do INMETRO são falsificados. O governo sabe disso, a indústria, o comércio e os serviços também.

Da Redação

O Brasil perde, por ano, quase meio trilhão de reais com falsificações, fraudes fiscais, furtos de eletricidade e “gatonet” entre outros. Os ministérios da Indústria e Comércio e o da Justiça trabalham forte no combate à pirataria, mas é preciso fazer mais; é necessário engajar toda a sociedade. O “Brasil em Código – o que move o seu agora?”, evento focado na transformação que nos impulsiona, debateu perrengues e progressos no Brasil e no mundo. O Código de Barras é eficiente e seguro, mas há que se prestar muita atenção com o oportunismo pirata.    

O combate à pirataria foi um dos mais concorridos painéis do “Brasil em Código”, na 12ª edição do encontro promovido pela Associação Brasileira de Automação-GS1, no último dia 8, em São Paulo. Neste, Andrea Pereira Macera, secretária de Competividade e Política Regulatória do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e Audrey L. Macedo Corrêa, diretor-executivo do Conselho de Combate à Pirataria e aos Delitos contra a Propriedade Intelectual do Ministério da Justiça e Segurança Pública foram os convidados de Marc Tawil para debater o espinhoso tema, que subtraiu do país R$ 453 bilhões somente em 2022. Logo, estima-se a perda nacional de meio trilhão de reais por ano.

Quem não acompanha o setor é assaltado de surpresa com tamanho volume. O estudo designado “Brasil Ilegal em Números” foi produzido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) conjuntamente com as federações das indústrias de São Paulo (Fiesp) e do Rio de Janeiro (Firjan) e entregue ao ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, durante seminário promovido pela CNI, no meio deste ano. Ainda de acordo com o documento, o montante de R$ 453,5 bilhões foi drenado com prejuízos causados por contrabando, pitaria – celulares, brinquedos, aparelhos audiovisuais e defensivos agrícolas –, roubo, fraude fiscal, sonegação de impostos e furto de serviços públicos (água, luz e internet). Desse total, calcula-se o valor de R$ 136 BI somente com impostos.

Andrea Pereira Macera (MDIC) falou sobre os esforços de governo juntamente com o INPI (Instituto Nacional de Propriedade Intelectual) e o INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia), orientando empresários a registrar seus ativos no INPI para que exista eficiência e segurança. Depois de reiterar a necessidade de se combater o mercado ilegal de meio trilhão de reais, disse que o governo sozinho não consegue acabar com isso. “A sociedade precisa se articular nesse combate”, frisou.

Já o representante do Conselho de Combate à Pirataria, Audrey Corrêa, concordou que os números expostos são preocupantes e que é importante ir além na análise. “Sabemos que falsificação de medicamentos e cosméticos é um ato criminoso contra a saúde pública, que o `gatonet` mostra a vulnerabilidade da segurança digital, que os streamings piratas são inundados de sites maliciosos, transformando-se em portas de entrada para acessos de senhas, mineração de bitcoin etc, com o que a pessoa torna-se hospedeira para outros crimes”, destacou ele, relembrando um certo ator que vendia selo pirata do INMETRO pela internet. “A estratégia foi publicizar ao máximo este fato”.

– E a automação, como pode contribuir com isto? – indagou o apresentador Tawil.

– Quanto mais o consumidor conhecer o produto, mais protegido ele estará. O Brasil é hoje o 7º país em termos de pedidos de registros no INPI (400 mil) e esse processo garante um passaporte digital, permitindo auferir-se a originalidade e rastreabilidade.

Sistema Antifurto

Ao lado dos palcos Inspire, Realize, Analise e Transforme –que abrigaram palestras simultâneas, na parte da tarde –, ocorreu a EXPO GS1, feira de serviços voltada aos mais de 1.700 visitantes esperados. Em meio aos diversos estandes, Empresas&Negócios visitou o da Nextop, empresa desenvolvedora de sistema para prevenção de perdas, buscando a eficiência operacional e a proteção contra furtos, em áreas de docas, PDVs e caixas de supermercados. 

“A prevenção de perdas abrange também o sistema operacional, que ganha não só mais segurança, como também agilidade e produtividade”, explica a Head Comercial da empresa, Rosângela Gallo. 

Este é um produto que a Nextop (criada há 27 anos, na cidade de Americana/SP) levou ao evento como inovação. Nele, o “carrinho inteligente”, dotado de vários sensores, escaneia todos os códigos, automaticamente. Ainda que o comprador coloque um pacote de 200g maizena – por exemplo – e depois resolva trocá-lo por outro de 500 g, o sistema acusa e aponta na tela do carrinho (integrado ao da loja). Adicionalmente, um fiscal de caixa (com um tablete à mão) precisa dar o OK para o picking e efetivação da compra.

Customização

Durante a década de 30 do século passado o Brasil teve um surto de desenvolvimento. Empresas de várias partes do mundo chegaram para criar mercados, ganhar muitos Réis e transformá-los em dólares. Pouco mais tarde, no pós-guerra, veio outra leva pesada trazer “um cadinho” de tecnologia e abiscoitar os Cruzeiros e, claro, transformar em dólares. Nessa espécie de segunda chamada nasceu a Toledo do Brasil, filial da Toledo Scale Company (de 1901, com sede em Ohio, Estados Unidos), que se tornou 100% capital nacional em 1989.  

Na EXPO GS1 a companhia mostrou soluções-padrão e soluções customizadas para lojas que necessitam de pesagem e etiqueta eletrônica, criar layout promocional, reposição de estoque, personalização de etiquetas e aferição de preços. “Com isto, oferecemos agilidade e segurança nas informações. O QR Code identifica o operador, dando melhores garantias operacionais”, assinala Anderson Luz, engenheiro de soluções. A Toledo levou para o evento a balança 5 Plus e a 7P (linha premium, que reconhece produtos por imagem) e fez demonstrações.

Transição

Neste 2024 completam-se 50 anos desde o primeiro escaner de um código de barras (em Ohio, EUA). E porque o mundo parece ter cada vez mais pressa, 21 líderes das maiores empresas do mundo assinaram uma declaração conjunta global pedindo a transição para QR Code Padrão GS1, “o que vai revolucionar a experiência do consumidor”, acredita João Carlos de Oliveira, presidente da SG1 no Brasil.

Entre os signatários deste documento estão Alibaba.com, Carrefour, IGA, JD.com, JM Smucker, Lidl, L’Oreal, Nestlé, P&G e Savencia. A iniciativa tem por objetivo o QR Code Padrão GS1 a ser adotado globalmente por varejistas e fabricantes até o fim de 2027.

A GS1 – principal organização de padrões por trás do código de barras, com 2 mil empresas afiliadas, das quais 59 mil estão no Brasil, perfazendo 36% do PIB – é quem capitaneia o movimento, visando o QR Code Padrão. “Nosso futuro recomeça com a criação do QR Code Padrão GS1; ele abre um novo caminho para o cadastro de informações detalhadas dos produtos”, completa João Carlos de Oliveira, presidente da Associação Brasileira de Automação-GS1 Brasil.

Intenções Importam

Um dos queridinhos do evento, João Branco, ex-VP de Marketing do McDonald´s, explorou um case de seu antigo trabalho que, ao final de dois anos, rendeu 16% mais satisfação ao consumidor e, claro, maior fluxo de caixa para a empresa.

O autor dos livros “Desmarketize-se” e “Dê Propósito” fez a palestra de abertura, mas poderia ser a de encerramento também. Carismático, o João (@falajoaobranco) deixou três dicas de propósito para os empresários em geral: 1) Intenções importam (e os clientes reconhecem); 2) Pessoas precisam do que você faz (você produz algo que melhora a vida das pessoas); 3) Excelência=amor ao próximo (sair do modo “muito rápido tudo isso” para “amo muito tudo isso”).