Praticamente todos os CEOs globais (95%) estão planejando manter ou acelerar a transformação em suas empresas neste ano, de acordo com a última edição do CEO Outlook Pulse, elaborado pela EY.
Nas Américas, incluindo o Brasil entre os países participantes, essa porcentagem é ainda maior, com 99% dos CEOs planejando acelerar a transformação do portfólio de negócios ou manter o nível de transformação consistente adotado nos últimos anos.
Há diversos motivos que têm impulsionado esse comportamento. Os três mais citados, na amostra das Américas, são responder às oportunidades trazidas pelas condições e avaliações do mercado, com 34% das respostas; responder ao impacto da tecnologia remodelando a indústria, com 34%; e reavaliar alocação de capital, com 30%.
Para financiar a transformação do portfólio, 32% dos CEOs estão buscando levantar capital trazido por novos ou acionistas já existentes; 29% atrás de melhorar o desempenho e a rentabilidade do negócio; e 22% com a intenção de recorrer a empréstimos bancários para obter capital novo. Os juros altos representam o principal desafio para obtenção de dinheiro por meio de fontes externas de financiamento.
Embora estejam em ciclo de baixa no Brasil, por causa das consecutivas reduções da Selic, as taxas continuam em patamares elevados. Também por isso, o gerenciamento do capital de risco foi apontado por 42% dos CEOs e 45% dos líderes de investimento em private equity, que também foram ouvidos pelo estudo, como a prioridade no curto prazo (nos próximos 12 meses).
No ambiente atual, o crescimento a qualquer custo visto no passado, proporcionado por dinheiro barato e liquidez elevada, deu lugar a um financiamento mais caro, o que traz a necessidade de maximizar a eficiência financeira para geração de caixa. É esse dinheiro que precisa viabilizar os investimentos internos.
Quase oito em cada dez CEOs (78%) concordam que a inflação continuará sendo um problema importante, justificando assim a manutenção pelos Bancos Centrais de juros mais altos por mais tempo do que o previsto. Na sequência, entre as prioridades de negócio, vem a resposta sobre a adoção das tecnologias de inteligência artificial para estimular a eficiência e melhorar o desempenho de negócios, com 41% da preferência.
A maioria dos CEOs (76%) avalia que a IA proporcionará benefícios de eficiência, mas gerará pouco impacto no crescimento da receita. Por outro lado, 66% dos líderes de investimento do setor de private equity têm esse mesmo entendimento, com 19% discordando dele, o que indica otimismo um pouco maior quanto ao potencial da IA para gerar receita e eficiência.
Independentemente dessa avaliação, a gestão dos riscos dos sistemas de inteligência artificial deve fazer parte de uma estrutura de conformidade das empresas com as melhores práticas de IA. Embora ainda não exista regulação sobre IA, as organizações precisam estar atentas aos desafios trazidos pelo uso dessa tecnologia que já estão exigindo respostas rápidas ligadas, por exemplo, à privacidade ou proteção de dados, não discriminação, por meio do combate aos vieses inconscientes, e cibersegurança.
Para identificar, gerir e reduzir os riscos de IA, elevando a confiabilidade dos seus sistemas, as organizações, de acordo com o estudo “The Artificial Intelligence (AI) global regulatory landscape”, elaborado pela EY, precisam contar com mecanismos de prestação de contas – do inglês accountability – que definam as responsabilidades dos colaboradores dedicados à gestão dessas ameaças.
Além disso, os operadores de IA devem saber explicar as decisões tomadas pelos sistemas. Por fim, é indispensável que seja formado um conselho consultivo de IA para fornecer orientação ética para desenvolvimento e implantação dos sistemas. Há um otimismo entre os CEOs, ainda segundo a amostra referente às Américas, em relação ao desempenho dos seus negócios.
Sobre o desempenho do faturamento, em comparação com o ano anterior, 60% esperam por crescimento, enquanto 34% têm a expectativa de que continue o mesmo. Em relação à lucratividade, 61% esperam por crescimento, enquanto 33% pela permanência do resultado de 2023. Ao mesmo tempo, 48% esperam por crescimento no custo de fazer negócios, enquanto 46% têm a expectativa de que não sofra alteração.
O estudo da EY, de periodicidade trimestral, entrevistou 1,2 mil CEOs de grandes empresas atuantes em 21 países (Brasil, Canadá, México, Estados Unidos, Bélgica, Luxemburgo, Holanda, França, Alemanha, Itália, Dinamarca, Finlândia, Noruega, Suécia, Reino Unido, Austrália, China, Índia, Japão, Cingapura e Coreia do Sul) e cinco ramos de atividade (bens de consumo e saúde, serviços financeiros, indústria e energia, infraestrutura, tecnologia, mídia e telecomunicações). – Fonte e mais informações: Agência EY – e-mail [email protected].