O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse ontem (27) que é possível investigar e punir empresas envolvidas em escândalos de corrupção sem que haja prejuízo à economia do país. Segundo ele, o combate à corrupção é indispensável e o trabalho deve ser feito com autonomia. O ministro disse também que o governo tenta impedir que a sociedade “pague a conta” dos atos criminosos.
Cardozo destacou que “a exemplo de todos os outros países do mundo”, as investigações não podem atrapalhar a economia. “Temos clareza que a sociedade jamais deve ser penalizada do ponto de vista econômico. Não é justo que a sociedade pague a conta pelos atos de alguns, que devem ser punidos”, disse durante lançamento da segunda etapa de consulta sobre o Marco Civil da Internet. “O governo tem posição clara para que se evite que essas empresas, que podem continuar atuando e podem ser importantes para a economia do país, tenham suas atividades atingidas”, acrescentou.
Sobre o relatório anual da organização Transparência Internacional que aponta o aumento da percepção da população sobre a corrupção no país após denúncias na Petrobras, Cardozo voltou a comparar a corrupção a um tumor. “Esse é um ônus que todos correm quando a corrupção é descoberta. Ou seja, aumenta-se a percepção da corrupção quando ela é combatida. Quando as pessoas acobertam a corrupção, a percepção é de que ela não existe. A corrupção é percebida porque o governo não se acumplicia com a corrupção”.
Para Cardozo, o governo tem tornado “nua” a corrupção e criado mecanismos para combatê-la. No levantamento, o Brasil aparece na 76ª posição, queda de sete posições no índice que inclui 168 países. O ranking é liderado pela Dinamarca. Os países latino-americanos considerados menos corruptos, segundo o relatório, são Uruguai (21ª), Chile (23ª) e Costa Rica (40ª).
Cardozo não comentou a 22ª fase da Operação Lava Jato – denominada Triplo X – deflagrada ontem pela Polícia Federal. “O que posso dizer é que a Polícia Federal está cumprindo o que foi determinado pelo Judiciário”, disse. Nesta etapa, segundo a PF, está sendo apurada “a existência de estrutura destinada a proporcionar a investigados na operação policial a abertura de empresas off shores e contas no exterior para ocultar ou dissimular o produto dos crimes de corrupção, notadamente recursos oriundos de delitos praticados no âmbito da Petrobras”.
Na operação de ontem, cerca de 80 policiais federais cumpriram 15 mandados de busca e apreensão, seis mandados de prisão temporária e dois de condução coercitiva nas cidades de São Paulo, Santo André, São Bernardo do Campo e Joaçaba (ABr).
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