Paulo Spacca (*)
Estamos a bordo de uma revolução tecnológica que transformará fundamentalmente a forma como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos. Os empreendedores que dominarem as tendências inovadoras de Internet das Coisas (conhecida pela sigla IoT) terão a oportunidade de liderar a inovação digital em seus negócios, pois ao permitir a interconexão digital de objetos cotidianos com a internet, a IoT tem um enorme potencial para coletar continuamente dados sobre nossos ambientes.
Os negócios que tiverem isso em mente terão em mãos um importante aliado na tomada de decisões, seja em diagnósticos médicos, comandos para modificar ações de máquinas ou até mesmo na identificação e autorização de acesso físico. Além disso, dispositivos conectados oferecem oportunidades em ganho de eficiência, redução de custos de produção e na criação de mais pontos de engajamento com o consumidor, ajudando na proximidade entre marca e cliente, o que pode impactar diretamente nas vendas.
No setor automotivo, por exemplo, os carros estão usando cada vez mais a IoT, e os veículos autônomos já são uma realidade que oferecem informações valiosas sobre as condições das estradas, melhores rotas etc. Já na indústria, sensores ultra conectados são utilizados para acelerar processos de fabricação e garantir a segurança do trabalho, além de contribuir para automatizar atividades de mensuração de indicadores importantes como temperatura, pH e pressão.
Em uma avaliação geral, podemos dizer que o Brasil é o maior e mais desenvolvido mercado da América Latina. Temos uma legislação considerada avançada, um mercado grande e ávido por inovação. Ao mesmo tempo, ainda temos certa imaturidade no que se relaciona às próprias empresas e às pessoas.
Além disso, dispositivos conectados oferecem oportunidades para que as empresas criem mais pontos de engajamento com o consumidor, e consequentemente se tornar uma marca mais presente em suas vidas. A Amazon, por exemplo, é uma empresa que consegue explorar de forma muito eficiente o potencial da internet das coisas nos processos de logística, utilizando robôs e sensores em seus centros de distribuição.
Engana-se quem pensa que a Internet das Coisas é uma realidade apenas para grandes empresas. As PMEs também têm grandes possibilidades para explorar e se beneficiar. No comércio, por exemplo, pode criar lojas e estabelecimentos inteligentes, nos quais sensores serão responsáveis por coletar desde o funcionamento de câmeras de vigilância até o consumo de energia elétrica, entrada de clientes, dentre outros aspectos.
Com sensores de movimento conectados ao sistema da empresa, será possível medir o número de pessoas que entram na loja, criando dados para insights importantes sobre efeito de campanhas, promoções e popularidade de produtos. Isso gera uma integração entre áreas estratégicas como a de vendas e o marketing, resultando em ações de sucesso.
Nos meios de pagamento está outro fator em que já podemos ver o resultado da IoT: a adoção da tecnologia permite que as pessoas paguem usando seus smartphones ou relógios inteligentes de forma segura e prática. A internet das coisas provocou grande barulho e gerou um otimismo muito maior que o mercado oferecia na época. Muitas empresas apresentaram números que eram maiores que a realidade. Hoje a IoT é mais concreta e com projetos viáveis, que estão dando certo e oferecendo retorno.
Se olharmos isso de uma maneira geral, no Brasil tem muita coisa acontecendo. Por aqui, aliás, o mercado de Internet das Coisas é um dos mais desejados do mundo. De acordo com estudo da Frost & Sullivan realizado em junho de 2019, a expectativa era de que o Brasil deveria faturar US$ 2,2 bilhões com esse mercado no ano que passou, o que representa cerca de 45% de toda a América Latina.
Em uma avaliação geral, podemos dizer que o Brasil é o maior e mais desenvolvido mercado da América Latina. Temos uma legislação considerada avançada, um mercado grande e ávido por inovação. Ao mesmo tempo, ainda temos certa imaturidade no que se relaciona às próprias empresas e às pessoas. A ruptura tecnológica dos últimos anos foi intensa de uma forma que nunca tinha acontecido antes, mas as pessoas não se preparam na mesma velocidade.
Boa parte das empresas e dos empresários ainda são muito jovens e vão cumprir um ciclo de amadurecimento do negócio, da gestão e também pessoal. Já o Plano Nacional de IoT levou o Brasil ao patamar de país da América Latina mais preparado para participar do mercado da IoT e de se beneficiar das suas oportunidades, ao lado do Chile e Costa Rica, de acordo com um estudo de 2018 da Deloitte sobre a IoT no setor empresarial que avaliou seus principais indicadores: ICT infraestrutura, política e regulamentação, capacidades inovadoras, economia e estabilidade política, nível de negócios de adoção da ICT e habilidades da ICT.
O Plano Nacional de IoT resultou de um grande esforço colaborativo entre governo, academia, sociedade civil e indústria e estabeleceu prioridades claras com base nas quatro aplicações de maior potencial: cidades, saúde, rural e IIoT. No futuro, a IoT permitirá o cumprimento da revolução dos dados, por isso é imperativo que todos, desde indivíduos a líderes do setor privado e autoridades do setor público, tomem consciência da presença e do poder da IoT.
(*) – É presidente da ABINC – Associação Brasileira de Internet das Coisas (www.abinc.org.br).