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5 mulheres revelam desafios e lições de empreender com sucesso

em Manchete Principal
terça-feira, 21 de novembro de 2023

Elas comandam cerca de 10,3 milhões de negócios em todo o país, segundo pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua

No dia 19 de novembro foi celebrado o Dia do Empreendedorismo Feminino, data criada pela Organização Mundial das Nações Unidas (ONU), em 2014, para trazer destaque à participação delas no mundo corporativo. Este ano, reconhecendo a importância do empreendedorismo feminino, o governo brasileiro sancionou a Lei nº 14.667 que estabelece a Semana do Empreendedorismo Feminino em novembro.

Apesar delas representarem 10,3 milhões de empreendedores, segundo levantamento da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), as mulheres lidam com desafios de conciliar os papéis (mãe-esposa-empresária), dificuldade no acesso a financiamentos, falta de lideranças femininas, além de questões como machismo e baixa diversidade. Apesar dos obstáculos, listamos 5 empreendedoras que venceram esses desafios e agora compartilham lições para quem quer empreender, após transformarem a realidade de ecossistemas de finanças à moda sustentável. Confira:

Primeira mulher a assumir a presidência da Associação Brasileira de Startups (Abstartups)

Ingrid Barth, co-fundadora e COO do Linker – divulgação

“Espero ser a primeira de muitas”, afirma Ingrid Barth, co-fundadora e atual COO do Linker, fintech exclusiva para MEIs, e primeira mulher a assumir a presidência da Associação Brasileira de Startups (Abstartups). Precursora em soluções para pequenas e médias empresas, em 2018 Ingrid fundou o Linker, banco digital voltado para atender PMEs, MEIs e LTDAs de todo o país, após atuar 14 anos no ecossistema financeiro, com passagens pelo Banco Santander, J.P Morgan, Neon e Banco Central do Brasil. Ao lado de David Mourão, CEO do Linker, a fintech ultrapassou R$ 2 bilhões em transações, crescendo 3x em 2022.

Com ampla experiência no mercado financeiro, Ingrid revela que os principais desafios de estar a frente de uma fintech como mulher empreendedora podem incluir preconceitos de gênero, superar barreiras no acesso a financiamento e investimento, consolidar credibilidade em um setor tradicionalmente masculino e conciliar as demandas da vida pessoal com as responsabilidades profissionais.

“A luta por reconhecimento e respeito por suas habilidades e visão empreendedora pode ser uma batalha constante. Além disso, o acesso a financiamento e investimento pode ser mais desafiador para empreendedoras, devido a disparidades de gênero percebidas nesses aspectos. Consolidar credibilidade e construir uma reputação sólida em um setor tradicionalmente masculino também pode ser um desafio, exigindo que as empreendedoras provem repetidamente seu valor e competência”, destaca a executiva.

Para empreendedoras no início da carreira, Ingrid destaca a importância de contar com uma rede de apoio alinhada à visão do negócio. “Focar na construção de uma rede de apoio sólida, composta por mentores, colegas empreendedoras e outros profissionais do ramo pode ser extremamente valioso ao longo do percurso empreendedor. Além disso, é importante acreditar firmemente em si mesma, na sua visão e no valor único que você e sua empresa podem oferecer ao mundo”, finaliza.

Presidente do Lide Futuro Santa Catarina, acelera mulheres na área de tecnologia em empresa de ciência de dados

Isabela Blasi, Diretora de Novos Negócios e Cofundadora da Indicium – divulgação

Pesquisadora e especialista em inovação pela Universidade de Berkley na Califórnia, Isabela Blasi, intercala a presidência do Lide Futuro Santa Catarina com o cargo de Diretora de Novos Negócios da Indicium, empresa de ciência de dados, analytics e big data para enterprises. Ainda na infância, a empreendedora sempre sonhou em ser dona do próprio negócio e revela que a área de tecnologia surgiu como uma oportunidade, mas não imaginava os desafios que enfrentaria. “Um dos meus maiores desafios é atrair mulheres para o mercado, tanto para o início de carreira quanto para cargos de gerência. Para trazermos mais mulheres, criamos um programa de formação, o Lighthouse, que destina 50% das vagas para elas. Meu objetivo é tornar a empresa e o mercado de tecnologia cada vez mais diverso e ter mais mulheres ao meu lado liderando”, diz Isabela Blasi.

Para as mulheres que querem ingressar na área de tecnologia, aconselha as mulheres a aprenderem o máximo que puder e não tenham medo de errar durante o processo. “Na área de tecnologia, onde as coisas mudam rapidamente, as pessoas têm um grande medo de errar, mas são os erros que vão torná-la uma profissional mais experiente e rápida na hora de tomar decisões. Se eu pudesse listar apenas três coisas, aprender com os erros, ter resiliência e trabalhar duro são habilidades que todo empreendedor precisa ter para alcançar o sucesso”, completa Isabela.

A executiva liderou a expansão da Indicium para os Estados Unidos em 2021 e continua à frente do setor de parcerias estratégicas, com foco em clientes internacionais.

Com produtos ecológicos, empreendedora impulsiona economia local e apoia pequenos produtores

Marcella Zambardino, sócia fundadora e diretora de impacto da positiv.a – divulgação

Marcella Zambardino começou sua jornada que a levaria a mudar a vida de pequenos produtores ainda na adolescência. Aos 15 anos, Marcella ouviu da dermatologista que o uso do lava louças tradicional a fez desenvolver uma alergia que deformava as unhas. Daquele dia em diante, iniciou a transição para produtos ecológicos que culminou na criação da positiv.a, em 2016, marca que promove a limpeza e o autocuidado com a casa por meio de produtos ecológicos. Empreendendo com responsabilidade ambiental e impulsionando a economia local, Marcella diz que um dos maiores desafios ao gerenciar a marca é a distribuição e penetração com custos competitivos aos convencionais, e assim escalar bens de consumo verdadeiramente ecológicos preservando uma margem de contribuição saudável, afirma.

Com a economia verde em movimento, Zambardino diz que empreendedoras que estão começando devem traçar estratégias para que consigam diminuir o impacto ambiental no planeta. “As marcas que não se preocuparem com isso serão cobradas pelos consumidores”, afirma Marcella.

Atualmente, a positiv.a é reconhecida como uma das 10 startups mais conscientes pelo Movimento Capitalismo Consciente Brasil, após ter evitado a poluição de mais de 1,5 bilhão de litros de água, ter deixado de usar mais de 54 toneladas de plástico virgem e reutilizado mais de 1,4 toneladas de rede de pesca.

Estilista criou marca que promove conforto para mulheres e muda relação delas com a lingerie

Letícia Correia, estilista e fundadora da AVA Intimates – foto Larissa Felsen

Mãe da Celina e do Francisco, a estilista Letícia Correia abriu seu próprio negócio há 8 anos, após não encontrar referências de moda que se identificassem. Fundadora da marca de moda íntima Ava Intimates, a empreendedora explica que um dos grandes desafios é equilibrar o lado empreendedor com a maternidade. “Empreender e ser mãe não é uma tarefa fácil, precisei de muito planejamento para aprender a conciliar sem deixar de lado tarefas indispensáveis para o crescimento do negócio e importantes ou especiais para a minha família”, compartilha.

Para as empreendedoras que querem destacar-se nos negócios, Letícia instiga: “As empresas que estão despontando hoje são as marcas com presença digital, é imprescindível ter essa força. Se você tiver que investir em algo que seja na presença nas redes, isso vai te salvar um bom dinheiro de marketing e te colocar em um lugar de viralização, relevância e autoridade, muito pautada em persistência”.

Criadora da primeira sandália vegana do Brasil

Isabela Chusid, CEO e fundadora da Linus – foto Fernanda Corsini

Com uma forte consciência ecológica desde a infância, Isabela Chusid criou a Linus, marca de lifestyle desenvolvedora da primeira sandália de plástico vegana nacional, em 2018, para ser uma escolha confortável, atemporal e mais sustentável para as pessoas. Não demorou muito para a Linus crescer e ser reconhecida no mundo da moda e calçadista, em apenas 4 anos a empresa já está em mais de 300 pontos de vendas físicos no Brasil, chegou ao Uruguai com 16 lojistas parceiros e Europa por meio do e-commerce internacional.

“O principal desafio da maioria das mulheres está relacionado à famosa síndrome da impostora. Tive que acreditar na minha capacidade e realmente realizar algo sem ter um chefe me cobrando e exigindo prazos. Porém, fazer os outros acreditarem no que eu era capaz de fazer também foi um grande desafio – achar fornecedores que comprassem a ideia e topassem produzir uma quantidade pequena não foi fácil”, conta Isabela fundadora da Linus.

Para quem está começando um negócio, Isabela ressalta a importância de acreditar no seu sonho e potencial. “Sempre tive certeza de onde a Linus poderia chegar e por isso nunca poupei energia para tornar esse sonho realidade. Hoje, mesmo que já estejamos colhendo muitos frutos desse trabalho em equipe, sei que ainda estamos no começo da nossa jornada”.