“Neste exato momento, seu negócio morreu e faliu. Acabou. Aquilo que você fazia não é mais viável ou relevante. Nesse cenário, o que sobra de valor e o que você faz com isso?” Sempre usei esta frase nas aberturas de consultorias em grupo e, devido ao Covid-19, o que era uma provocativa da metodologia Vertuous para tirar os empresários da zona de conforto e acessarem sua criatividade virou realidade para a maioria.
Vagner Almeida (*)
Este vírus mudou um dos três pilares que movem a sociedade em sua essência. Estes pilares são: Cultura, Conhecimento e Ambiente e formam um ciclo virtuoso ou de degeneração e, qualquer alteração em um dos pilares, vamos do extremo de um ciclo para o outro. Ambiente e abalos naturais são os maiores transformadores sociais e nisso o Covid-19 alterou o Ambiente, responsável pela nossa mobilidade e acesso a recursos e experiências, nudando nossa Cultura de valor, crescimento e abundância para escassez, retração e estagnação.
Já o Conhecimento foi substituído pelo Desconhecido – Origem dos medos, fobias e pânicos da humanidade. O mundo voltou a era do “lutar, fugir ou congelar”, escondido na caverna chamada de lar.
Segundo Yuval Harari – autor de Sapiens e Homo Deus – a maior qualidade humana é superar a lei da selva. Não éramos os mais fortes nem mais preparados, porém nosso espírito de agir em grupo coordenadamente e de forma criativa levou a alteração do ambiente em si. Agora ao mesmo tempo que o Covid-19 obriga a sociedade a se reinventar para sobreviver, automaticamente a relação socioeconômica e seus hábitos e comportamentos já mudam globalmente a cultura e realidade que você conhecia para sempre.
A rotina, estratégia e planos de ação de negócios foram para o ralo, pois as dores dos consumidores e seus hábitos mudaram tão rápido quanto o vírus e isso trará evoluções e mudanças socioculturais irreversíveis e com impacto muito maior do que o medo da recessão econômica pelos próximos seis meses. E aí te pergunto: você vai ficar na situação do “eu não faço porquê não tenho e não tenho porque não faço” ou vai ter atitude, levantar a cabeça e perguntar a si mesmo: “como faço para chegar lá com o que tenho”?
Então, como evoluo meu negócio?
Liberte-se do ciclo animal:
• Primeiro: faça uma coisa diferente todo dia. É o momento de ver outras opções e aprender algo novo para despertar o lado solucionador;
• Segundo: jogue o orgulho na gaveta e acesse todas aquelas opções que “você nunca faria”, pois sua sobrevivência depende disso e focar no essencial é importante;
• Terceiro: aceite a realidade – não existe previsão ou perspectiva de quando isso vai acabar. É uma pandemia global e ninguém está preparado – ao invés de fazer planos com base em especulações ou esperanças infundadas, tome uma atitude agora e reinvente-se;
• Quarto: empodere-se – cerque-se de pessoas, informações e grupos online que estão buscando soluções e evite o resto – a sociedade precisa de soluções e solucionadores. Faça cursos de inovação, criatividade e mudança de mindset – os solucionadores serão lembrados como marcas fortes pós a crise pela sociedade;
• Quinto: faça exercícios físicos, meditação, tai chi chuan e tudo aquilo que gere endorfina para estimular a mente solucionadora, pois neste momento o estado animal de luta está disparando dopamina e outros hormônios que, além de tóxicos, dificultam você ver as coisas de forma clara e tomar decisões criativas e eficientes. Aproveite as aulas e cursos online;
• Sexto: faça exercícios respiratórios. Faça coisas ativas de manhã e encerre o dia cedo com atividades leves espirituais e inspiradoras – garantia de sono tranquilo.
Evolua e adapte o seu negócio:
• levante e realoque todos os recursos; renegocie dívidas, custos e ganhe espaço para tomar decisões claras; defina o que é essencial e prepare-se para diminuir a sua operação ao que é mais eficiente, sustentável e relevante para a sociedade neste momento.
• Não congele nada em seu negócio. Vejo empresas congelando iniciativas para cortar custos e não mexer na natureza dos seus planos de negócio. Errado! Quando a sociedade se adaptar à situação, você terá perdido recursos e share (divisão) de mercado.
• Repense todos os seus preços e foque em ser acessível! Todos os preços antes do Covid-19 já não são viáveis em um mercado onde todos estão fazendo reservas. Faça promoções pensando em famílias, tédio, isolamento, falta de mobilidade, dê máscaras e álcool gel de bolso para clientes durante as compras, entre outras ações.
• Seja claro e específico da situação da empresa com seus funcionários. Eles precisam entender que a relação de trabalho mudou e é a oportunidade para mudar para melhor. Alinhe expectativas e objetivos convidando sua equipe para lutar na busca de soluções para a sobrevivência de todos.
• Deixe seu orgulho de lado. Mantenha-se atualizado de todas as linhas de crédito em órgãos governamentais, Sebrae e afins. Utilize estes recursos não pensando em só pagar dívidas, mas em como investir nas mudanças que vão te levar a um caminho mais sustentável, eficiente e de valor no mercado.
• Crie um “plano ágil de atitude”, adaptando seu negócio para entregar o seu melhor dentro das novas condições de seus clientes. Seja essencial e útil. Para ter um hoje, deixe seu antigo plano para amanhã.
• Digitalize ao máximo seu negócio de todas as formas possíveis para aumentar sua abrangência – é lá que está seu cliente 80% do tempo acordado.
“As dores dos consumidores e seus hábitos mudaram tão rápido quanto o vírus e isso trará evoluções e mudanças socioculturais irreversíveis e com impacto muito maior do que o medo da recessão econômica pelos próximos seis meses.
Tenha atitudes virtuosas:
• Não é hora de sumir das mídias. É hora de ser o exemplo. Migre sua estratégia de marketing de vendas para de construção de marca. Inspire e mostre as iniciativas de sua empresa na busca de soluções socioeconômicas; mostre seu cuidado com seus funcionários; humanize sua comunicação e mostre que você está procurando soluções para elas! Mais do que dinheiro, as pessoas precisam de motivação.
• Aja em grupo e localmente. Seja útil para seus iguais empresários, assim como para seus clientes. Apoie de alguma forma casas e projetos sociais, hospitais e órgãos de saúde. Mostre o lado humano de seu negócio, criando inclusive promoções vinculadas a doações.
• Estimule seus clientes ao “faça você mesmo”, compartilhando outras opções de produtos e mercados além dos seus próprios.
• Repasse essas dicas a outros empresários.
Caso precise de ajuda, lembre-se que vivemos em comunidade e estamos aptos a ajudar uns aos outros.
(*) – É especialista em personificação empresarial, de marca e de produtos. Por meio de um processo único de personificação, gera proposta de valor
real para a empresa, materializando a inovação no modelo de negócio.