Rosangela Sampaio (*)
A pandemia trouxe muitas mudanças para nossas vidas e uma delas foi o um novo hábito de consumo. Comprar na loja física: por quê? Essa é uma pergunta que os consumidores se fazem todos os dias após a pandemia. Muitas empresas começaram a compreender o desproposito de só fazer negócios dessas maneira e migraram para o online. Ao implementarem o “novo modelo” os preços tendem a diminuir, as avaliações sobre produto ou serviço aumentam e vão, provavelmente, atingir mais pessoas e, consequentemente, fazerem mais vendas se tiverem uma performance adequada diante dos consumidores.
As consequências de uma compra errada são muito maiores para as empresas que para os consumidores individuais. A pessoa pode perder algumas centenas de milhares de Reais e ficar frustrada. Mas, para uma empresa, uma compra mal resolvida pode custar milhares de Reais e também clientes. Então, o foco não deve ser apenas preço, e sim o atendimento de qualidade. Diante do atual cenário nos deparamos com um novo modelo de consumidor: os clientes estão mais conectados e a consequência é que as vendas online dispararam durante a pandemia.
Segundo a Sociedade Brasileira de Varejo, 35% das pessoas que usavam dinheiro em suas compras passou a usar cartão de débito após a reabertura do comércio.
Estudos revelam que, ao tirar dinheiro do bolso para pagar alguma coisa, a área do cérebro que se ativa é mesma de quando sentimos uma dor física. E fica a questão: “Onde vai parar o dinheiro vivo daqui em diante?”.
Quando falamos de consumo consciente, abordamos tanto o discurso de marcas que fazem um esforço real para garantir que sua linha de produção conte com trabalho dignamente remunerado e com processos mais ecológicos, como as empresas que adotam uma única medida menos agressiva para cada mil atitudes que só visam lucro. Isso sem falarmos nas grandes corporações detentoras de várias marcas, que adotam políticas sustentáveis para aquelas direcionadas a um público que “se importa com isso” e políticas convencionais para todas as outras, deixando claro que reduzem a ética a uma questão de marketing.
No meio disso está o consumidor que pretende ser mais consciente: confuso, culpado e sem informação o suficiente para escolher diante de uma imensa oferta de mercado. A triste verdade é que todo processo de produção, consumo e descarte na nossa sociedade gera um impacto negativo para o meio ambiente, além de frequentemente envolver a exploração de pessoas que trabalham na cadeia produtiva. Também existe um consumo exagerado, tornado lojas e shoppings “prontos-socorros”, onde compra-se por todos os motivos, sejam eles positivos ou negativos.
O consumidor linear, que compra, usa e joga fora, está sendo substituído pelo consumidor circular, e a ideia de recursos infindáveis hoje é politicamente incorreta e estrategicamente equivocada. O consumidor circular, responsável ou sustentável, é praticável em qualquer modalidade de compra. Hoje estamos diante de uma situação econômica que força essa ideia circular. Sendo assim, como aderir a esse modelo?
- Consumo consciente envolve autoconhecimento e criatividade: busque entender quem é você e as potenciais coisas novas que podem ser reutilizadas, inclusive em outras extensões;
- Quando comprar: quando precisar, saber separar necessidade, desejo e impulso é essencial;
- Só compre depois que pensar em não comprar, use a reflexão “vou usar 30 vezes no mínimo?”. Se sim, então, compre;
- Compras pela internet: verifique a avaliação do produto, comentários dos consumidores anteriores e a estimativa da empresa perante os consumidores;
E você que é empresário e/ou empreendedor, estude seu mercado e faça o oposto que sua concorrência está fazendo. Seja criativo, original e, acima de tudo, priorize seu cliente. Afinal, é impossível se manter sem eles!
(*) – É psicóloga, palestrante, escritora e apresentadora do programa Mulheres em Flow (@rosangelasampaiooficial).