José Geraldo de Barros Coscelli (*)
Não é segredo para ninguém que o setor de marketing digital é um dos que mais vem crescendo em todo mundo, e isso não é diferente no Brasil. De acordo com o estudo Digital AdSpend Brasil, a publicidade digital nacional atingiu um volume de R$ 14,7 bilhões no primeiro semestre de 2022, ou 12% a mais do que no mesmo período do ano passado.
Este estudo, produzido pelo IAB Brasil em parceria com a Kantar Ibope Media, apresenta os dados de investimento em marketing digital no Brasil, incluindo sites, portais, sites de busca e redes sociais. Ele mostra que mais da metade do total investido em publicidade digital no primeiro semestre foi direcionado às redes sociais (52%), seguido de mecanismos de busca (29%) e publishers (18%).
A questão é que, embora positivos para o mercado, estes números escondem um desafio que muitas empresas, e agências principalmente, estão deixando de lado: a sincronização das diferentes frentes de investimento. É certo que, quanto maiores os valores investidos, maior será a pressão dos clientes por resultados e estes vão depender, cada vez mais, de se contar com todas as ações de marketing apontando para o mesmo alvo.
Este é um contexto que vem se tornando ainda mais crítico depois da pandemia, quando a digitalização de grande parte da economia trouxe ainda mais concorrência em SEO, marketing de conteúdo e mídia social para os profissionais do setor. Ainda em 2020, o Relatório de Estatísticas Omnichannel revelava que os profissionais de marketing que utilizaram pelo menos três canais para campanhas, obtiveram 287% mais vendas do que aqueles direcionados apenas a um único canal.
Trabalhar em várias frentes é essencial para alcançar os consumidores de hoje e não é mais suficiente concentrar todos os esforços em uma única estratégia como e-mail, busca paga ou redes sociais. É importante estar onde seu público-alvo está e, mais que isso, levar a mesma mensagem a todas estas frentes.
É aí que entra a metodologia Full Sync, que parte de uma premissa bastante simples, mas pouco seguida: todas as ações de marketing digital precisam estar sincronizadas. Não é raro vermos empresas investindo, ao mesmo tempo, em redes sociais, anúncios, SEO para seus sites, desenvolvimento de blogs e novos formatos de sites. O que também não é raro é ver cada uma destas iniciativas seguirem estratégias próprias, divididas entre si.
Essa difusão de ações com estratégias distintas acaba gerando dispersão dos resultados e, claro, de investimentos, colocando em xeque sua eficiência. A partir da adoção da metodologia Full Sync, é possível orquestrar todas as disciplinas digitais com um só objetivo e, principalmente, com uma única estratégia que se desdobra em diferentes frentes. A ideia é fazer com que as redes sociais se alinhem aos blogas, que se alinham à performance, que se alinha aos sites, que se alinham às redes sociais, sincronizando as estratégias digitais e tornando-as muito mais assertivas.
Como disse, é um conceito bastante simples, mas de implementação complexa, já que é preciso alinhar diferentes frentes de ação em movimentos circulares: o que tenho de melhor no meu site é o que vai alimentar meu blog e meu SEO será direcionado para este conteúdo, e assim por diante. Depois de um período, o resultado desta estratégia é avaliado e confirmado, dando início a um novo ciclo, agora com outro foco de acordo com a demanda do cliente.
Mais que o alinhamento, a adoção da metodologia, tem como principal desafio o rompimento dos feudos existentes dentro de muitas agências ou, dependendo do tamanho do cliente, o rompimento de feudos criados pelas diferentes agências contratadas para coordenar cada área. Como disse, o conceito é simples, mas sua implementação depende de um forte trabalho de alinhamento das diversas frentes envolvidas. Passada esta primeira barreira, não há dúvidas de que os resultados tendem a ser muito melhores.
(*) – É CEO e cofundador da agência Seven7th (https://7th.digital/).