Bruno Tortorello (*)
O mercado de cargas expressas fracionadas está em franca mudança, especialmente nos dois últimos dois anos, em que o peso médio das encomendas vem caindo, ao mesmo tempo que o volume, ou a quantidade de remessas, praticamente dobrou no período, e continua crescendo. Este cenário influencia a logística e exige mais eficiência por parte de transportadoras e operadores.
Tal mudança se explica pelo crescimento significativo do e-commerce no Brasil, que ganhou 36,7 milhões de novos consumidores, ou e-shoppers, entre 2019 e 2021, e novas lojas virtuais durante a pandemia. Há cerca de dois anos uma encomenda pesava, em média, 6,5 quilos, e hoje está na casa dos 3,5 quilos, demonstrando que os tipos de produtos ofertados se multiplicaram, pois hoje é possível comprar praticamente tudo pela internet.
Contudo, esta redução de peso em tão pouco tempo traz impactos logísticos e requer que as transportadoras enxerguem este novo cenário com outros olhos.
Pacotes menos pesados significam queda de rentabilidade no frete, mas, em contrapartida, a quantidade dobrada de encomendas movimentadas pode compensar essa perda. Para que essa relação seja verdadeira, é preciso cada vez mais eficiência nas operações das transportadoras e operadores logísticos.
Eficiência logística abrange diferentes aspectos, principalmente uma operação completamente ajustada, que minimize os erros e ofereça qualidade dos serviços para embarcadores e consumidores, como o cumprimento de prazos, entrega dos produtos intactos, comunicação cada vez mais assertiva e processos padronizados. São condições que se alinham às expectativas dos clientes e, paralelamente, contribuem para a melhor experiência de compra no e-commerce.
Neste sentido, é importante que o e-commerce conte com transportadoras e operadores logísticos efetivamente preocupados em aperfeiçoar a eficiência em suas operações por meio de investimentos pesados em automação, mecanização, tecnologia da informação, capilaridade, novas soluções e opções de entrega, aumento e atualização de frota, entre outros pontos. Além disso, precisam investir em sustentabilidade, promovendo uma logística cada vez mais verde, nos grandes deslocamentos e na última milha.
Outro ponto igualmente relevante é conhecer e entender as preferências do consumidor e, a partir daí, direcionar os investimentos para atender todas essas demandas e ser cada vez mais eficiente nas entregas. Pesquisas como a E-Shopper Barômetro, da rede DPDgroup e Jadlog, fornecem um panorama destas preferências dos consumidores e insights para as transportadoras e operadores logísticos melhorarem suas atuações. A pesquisa constatou que 63% da população online brasileira realiza compras pela internet, um índice 7 pontos percentuais superior ao de 2019.
E 78% dos consumidores disseram que a experiência de entrega de da sua última compra foi positiva, o que demonstra que a logística vai bem, mas há espaço para ser aperfeiçoada, especialmente nos quesitos mais latentes apontados pelos e-shoppers, como a previsibilidade de data e horário de entrega, informações claras de rastreamento e várias opções de locais de entrega.
Sabendo destas preferências e demandas dos consumidores, é fundamental que as transportadoras mantenham um tráfego constante de informações em tempo real em seus sistemas, buscando a eficiência nas operações e na comunicação com seus clientes. Adicionalmente, é necessário oferecer alternativas ao home delivery, como as soluções OOH (Out of Home, ou Fora de Casa), que englobam PUDOS (os pontos de Pick up e Drop off) e os lockers, e que também contribuem significativamente para a eficiência nas operações logísticas.
Sem dúvida são muitos os desafios que chegam com essa mudança de mercado, mas o posicionamento correto das empresas do setor pode dar uma contribuição importante — como já vêm fazendo — para o crescimento do e-commerce, apoiado em melhores soluções para todas as partes, especialmente para o consumidor.
(*) – Com 22 anos de experiência no setor de logística, é CEO da Jadlog.