Fernanda Ricci (*)
Brinquedos, roupas, alimentos, acessórios. Entre tantos produtos e serviços, o mercado infantil é um dos setores que movimenta a economia brasileira de forma expressiva. Por isso mesmo, a busca pela inovação nunca foi tão importante. Nesse sentido, o segmento pode e deve privilegiar soluções que vão além de um bem de consumo.
Itens educativos diferenciados, por exemplo, ganham a cena justamente por favorecerem o desenvolvimento saudável das crianças, refletindo na melhora de aprendizado e no desempenho cognitivo e social. A inovação pode vir principalmente por meio de observar a criança diante de suas diversas fases, entendendo cada etapa.
Os desafios conforme a faixa etária
Os pequenos de 3 a 5 anos, por exemplo, que estão na chamada primeira “adolescência da infância”, vivem em meio a muitas descobertas e contestações, momento em que a autonomia se destaca. Já crianças entre 6 e 8 anos, denominadas emergentes, começam a ler e escrever, ampliando rapidamente o repertório. Nessa fase, o desafio causa a sensação de empoderamento.
Agora os pequenos de 9 a 12 anos são denominados de “balança” porque ficam entre o mundo infantil, mas também aspiram o universo adolescente. Deparam-se, na verdade, com o luto da infância. Nesse momento, precisam de experiências que os tirem do tédio.
Como guiar a inovação na área?
Um levantamento da Play Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento, que envolve os principais aspectos para direcionar a criação de soluções para o público infantil, mostra que 91% das crianças sentem-se mais atraídas quando o produto entrega um elemento raro (exclusividade); 89% fazem alguma coleção; 87% lembram de experiências imersivas que tiveram com as marcas; e 63% buscam um consumo diferente do que já conhecem. No mesmo estudo, 54% das crianças a partir de 7 anos já pesquisam para saber se as marcas são responsáveis com o meio ambiente.
Portanto, o que deve balizar a criação de um produto, além da aceitação do item, é a sua usabilidade e a empatia com o consumidor; o quanto o produto vai contribuir, divertir e até mesmo facilitar a vida dos consumidores mirins.
Uma hidrocor que muda de cor, uma massinha de modelar com formato diferente ou um lápis de cor mais macio para pintar são diferencias que agradam o público e tornam o momento de aprendizado mais lúdico e divertido, por exemplo.
Pensar como o consumidor é importante na hora do desenvolvimento de um produto. Muitas vezes testamos, brincamos, pintamos com os itens que desejamos lançar para tentar entender o que devemos ajustar e destacar como diferencial.
O envolvimento é o caminho
As crianças ainda buscam por storytellings que traga humor, aventura e laços de amizade, ou seja, por produtos que entreguem um mix entre “o rir” de momentos engraçados e “o tirar o fôlego” durante a ação e aventura, e que possa ser vivido preferencialmente entre grupos de amigos.
Argumento de venda aos pais
Em datas sazonais, por exemplo, as campanhas também devem se voltar aos shoppers, isto é, à mãe, ao pai ou demais responsáveis. Quando produzimos a ação de um produto infantil, precisamos envolver e direcionar o argumento de venda a eles, que também podem se sensibilizar com uma abordagem lúdica e emocional por meio do efeito nostálgico.
A verdadeira inovação reside na criação de produtos que enriquecem a vida das crianças, promovem seu desenvolvimento e as preparam para um futuro. Envolve, portanto, fontes de entretenimento, mas também ferramentas para o crescimento intelectual e emocional.
(*) É Gerente de Produto do Grupo Leonora em coautoria com Ana Amélia, Cofundadora da Play Pesquisa e Desenvolvimento.