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TV deverá ser apenas digital até o fim de 2018

em Especial
segunda-feira, 06 de junho de 2016
Washington Oliveira/Pref.de Rio Verde

TV deverá ser apenas digital até o fim de 2018

Um dos meios de comunicação mais populares do país está passando por uma revolução tecnológica. Até o fim de 2018, o sinal analógico da TV aberta será desligado nas capitais e principais cidades do interior do país. Com isso, a maior parte dos brasileiros vai entrar numa nova era da televisão, a digital, com qualidade superior de imagem e de som, e recursos como a multiprogramação

Washington Oliveira/Pref.de Rio Verde

Famílias beneficiárias do Bolsa Família, em Rio Verde, recebem kits com conversores e antenas para o sinal digitral de TV.

Anderson Vieira/Especial Cidadania/Ag.Senado

O processo de transição está sendo feito em etapas e registra atrasos. Sucessivas portarias do Ministério das Comunicações foram publicadas para redefinir os calendários de desligamento — tecnicamente chamado de switch off. Por enquanto, a única cidade brasileira que assiste somente à TV digital é Rio Verde, no interior de Goiás. Conforme o cronograma em vigor, Distrito Federal e Entorno terão transmissões analógicas interrompidas em outubro.

Ao longo de 2017, será a vez das quatro capitais da Região Sudeste; de Salvador, Recife e Fortaleza, no Nordeste; e de Goiânia, no Centro-Oeste. Outra portaria ministerial definirá as localidades para 2018. Com isso, o governo espera que cerca de 1,4 mil cidades tenham o processo de migração concluído.

O diretor-geral da Abert, Luis Roberto Antonik, lembrou que a intenção inicial de implantar o novo sistema digital em todo o país foi abandonada e agora se optou por desligar o sistema analógico somente nas cidades onde seria necessário abrir caminho para a tecnologia 4G. É que com a migração do sistema, a faixa de frequência de 700 MHz ficará livre para ser usada pelas operadoras na implantação da telefonia de quarta geração.

Antonik disse que a instalação da TV digital no Distrito Federal e Entorno será o primeiro grande desafio e lamentou a falta de campanha mais intensa de esclarecimento para a população: “Brasília será um teste, pois abrange região onde estão 4 milhões de habitantes e 1,2 milhão de domicílios, com desligamento previsto para 26 de outubro. Nossa principal preocupação é com a divulgação. É preciso chegar a 93% para que o sistema analógico seja abolido”.

O conselheiro da Anatel, Rodrigo Zerbone, é o presidente do Grupo de Implantação do Processo de Redistribuição e Digitalização de Canais de TV e RTV (Gired), responsável por disciplinar e fiscalizar a migração do sistema e do qual fazem parte governo, empresas e entidades representantes dos radiodifusores. Ele assegura que o calendário escalonado de desligamento do sinal analógico foi a melhor opção para garantir o êxito do processo.

Consumidor terá de comprar um aparelho digital ou converter o antigo.“Temos nível de segurança alto de que o atual cronograma, contemplando capitais e grandes cidades do interior até 2018, não será mais alterado. Nossa preocupação é não deixar ninguém sem acesso à TV. Não faria sentido acelerarmos o processo, excluindo parte da população. Estamos avançando com o pé no chão, de modo que a maioria dos brasileiros vai estar incluída no desligamento até 2018”, explica.

Zerbone destacou que parte da estrutura de radiodifusão do país, apesar de suas dimensões continentais, está a cargo de prefeituras e associações sem recursos para investir e sem mão de obra qualificada. A crise econômica também atrapalhou o processo. “Os Estados Unidos fizeram o desligamento em 2009 nos grandes centros, mas até hoje não desligaram totalmente o sinal analógico das transmissões locais, com cobertura menor. Isso dá ideia da dificuldade. Por isso, o interior do Brasil vai demandar mais tempo”, afirmou.

Quanto a Brasília, o presidente do Gired chama a atenção para dois fatores: a região já tem muitas emissoras transmitindo digitalmente e a população tem facilidade de acesso a novos aparelhos de TV, o que já garante de início um índice de digitalização acima de 70%. “Este mês vamos entrar numa fase de maior divulgação e a campanha vai ganhar corpo. A população tem que saber do que se trata. Saber, por exemplo, que a TV aberta digital em termos de qualidade de imagem supera até a TV por assinatura”.

Para o fim do sinal analógico, será necessária a participação ativa da população. Os donos de aparelhos antigos precisarão trocá-los por novos ou adquirir um conversor de TV digital, que custa a partir de R$ 110 nas lojas de eletroeletrônicos ou em sites da internet. Pode ser necessária também uma antena externa apropriada. Quase todos os modelos de TV fabricados após 2010 — os de tela fina, tipo plasma, LCD ou LED — já possuem conversor de TV digital integrado. Portanto, a vida de quem tem um desses em casa ficará mais fácil. Talvez seja preciso trocar somente a antena, que tem de ser adequada para a recepção nesse formato.

Em geral, os televisores trazem o selo “DTV”, indicando que estão prontos para a nova tecnologia. “Há o risco de interferência do celular no televisor, pois as frequências são muito próximas. A antena externa mitiga esse problema. Acabou a época da palha de aço nas antenas e dos chiados. Ou a TV digital funciona perfeitamente, ou não vai funcionar”, explica o diretor-geral da Abert, Luis Roberto Antonik.

TV 3 temperaturaSobre isso, o presidente do Gired, Rodrigo Zerbone, tranquiliza a população. Segundo ele, foram feitos testes e não é questão tão grave. “É claro que é algo que merece atenção, mas temos capacidade de ação grande, se necessário. Uma das preocupações do governo e das emissoras é garantir que todos os cidadãos, especialmente os de baixa renda, tenham acesso ao serviço”.

As famílias inscritas no Cadastro Único do governo federal, integrantes de programas sociais como Bolsa Família, Luz Para Todos e outros, serão beneficiadas com um kit contendo uma antena, um conversor, cabo e conectores, o que as dispensará de comprar um aparelho novo de TV. Para retirar o kit, o interessado deve agendar pelo telefone 147 com o Número de Identificação Social (NIS), localizado no cartão PIS-Pasep, na Carteira de Trabalho, no extrato do FGTS ou no Cartão Cidadão.

Moradores de qualquer região do país podem tirar dúvidas por meio de uma central de atendimento e saber, por exemplo, quando sua cidade vai receber o novo sistema e quem tem direito aos kits. O número é 147. Também é possível obter informações sobre o assunto por meio do site (www.vocenatvdigital.com.br).