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SP e Prefeitura de Humaitá atendem ribeirinhos no Amazonas

em Especial
segunda-feira, 27 de novembro de 2017
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SP e Prefeitura de Humaitá atendem ribeirinhos no Amazonas

Além do atendimento em saúde, parceria também viabilizou a coleta de quase mil mosquitos para pesquisas

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A Expedição foi realiza a bordo da Unidade Básica de Saúde Fluvial (UBSF) Irmã Angélica Tonetta, da Prefeitura de Humaitá.

Valéria Dias/Jornal da USP

Uma consulta com o médico, a ida ao dentista, a vacinação do filho. Ações que podem ser consideradas rotineiras em muitos municípios brasileiros, se tornam muito mais complexas em comunidades ribeirinhas do Rio Madeira devido às dificuldades de acesso e locomoção em locais que, muitas vezes, sequer têm acesso à eletricidade.

A USP está ajudando a melhorar esse quadro por meio de uma parceria com a Prefeitura de Humaitá, no Amazonas. O projeto une o atendimento em saúde aos ribeirinhos e a realização de pesquisas científicas na região amazônica.

As comunidades Bom Futuro, São Rafael e Carará, que ficam nas margens do Rio Madeira, receberam a visita da II Expedição Humaitá entre os dias 5 e 12 de setembro. A bordo da Unidade Básica de Saúde Fluvial (UBSF) Irmã Angélica Tonetta, da prefeitura local, as equipes da USP e da Secretaria Municipal de Saúde foram responsáveis por 143 atendimentos médicos; 3 procedimentos cirúrgicos; 170 hemogramas; 514 procedimentos laboratoriais; 47 atendimentos odontológicos; e 376 procedimentos em odontologia.

Economia de R$ 60 mil
“Uma viagem como essa sai em torno de R$ 60 mil, incluindo alimentação e o diesel do barco. É um valor que a USP economizou. Ao mesmo tempo, se a Prefeitura fosse pagar médicos e um biomédico sairia um valor equivalente”, aponta o médico coordenador da expedição, Luis Marcelo Aranha Camargo, professor do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP.

Alunos de medicina se preparam para subir o morro e fazer a triagem dos pacientes. A subida é bastante íngreme pois, devido ser época da seca, o leito do Rio Madeira está muito baixo.Aranha Camargo é o docente responsável pelo ICB5, a unidade que a USP mantém de modo permanente, desde 1997, na cidade de Monte Negro, em Rondônia, e que realiza atividades de ensino, pesquisa e extensão. Ele também atua como vice-coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Epidemiologia da Amazônia Ocidental (INCT-Epiamo).

“A principal vantagem é que seria muito oneroso para a USP adquirir um barco como esse, que custa cerca de R$ 2 milhões e com despesa mensal em torno de R$ 100 mil. Com a parceria, a USP usufrui dessa infraestrutura e oferece em troca aquilo que ela tem de melhor: capacitação, pesquisa, assistência em saúde e pessoal qualificado. Todo mundo sai ganhando, principalmente a comunidade, que acaba sendo atendida por profissionais altamente qualificados”, destaca.

Atendimentos
infografico-4 temproarioA UBSF saiu de Humaitá no dia 5 e foi navegando pelo Rio Madeira, parando por um ou dois dias em cada localidade. A triagem dos pacientes foi realizada em alguma igreja ou escola pelos alunos do último ano de Medicina do Centro Universitário São Lucas, de Rondônia, sob orientação do professor Aranha Camargo. Os casos de vacinação e de odontologia foram encaminhados diretamente para atendimento da equipe da Secretaria Municipal de Saúde, na UBSF. Os outros foram atendidos pela equipe da USP.

Em Carará, foi necessário fazer uma visita domiciliar. O paciente não conseguia andar pois fraturou o dedão do pé e os pontos estavam infeccionados. Um dos alunos de medicina atendeu o caso, acompanhado de uma enfermeira e de outras funcionárias da UBSF.

Um dos diferenciais da expedição é que em alguns procedimentos cirúrgicos é feita a coleta de material biológico e posterior envio para a Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), em São Paulo, para realização de biópsia pela equipe do professor Paulo Saldiva. Dos três procedimentos cirúrgicos realizados na II Expedição, em dois foi realizada a coleta de tecido: um caso de leishmaniose e outro de uma doença de pele.

Os tecidos coletados também podem ser úteis para a realização de estudos em outras unidades da USP, como o ICB, pois trata-se de um material exótico (pouco comum): veio da região Norte do Brasil, de um morador de uma comunidade ribeirinha no meio da floresta amazônica e com algum tipo de problema raro de se encontrar na região Sudeste.

Coleta de mosquitos para estudos científicos
Além da realização dos atendimentos, a expedição também possibilitou a coleta e identificação de 951 mosquitos (dípteros) que serão encaminhados ao Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP, em São Paulo, para estudos sobre a presença ou não de micro-organismos que causam doenças. Também foram coletadas larvas de insetos e sanguessugas que vivem em plantas aquáticas.

Os pesquisadores irão investigar se nesses insetos há arbovírus (causadores de dengue, zika, chikungunya e febre amarela) e alguns tipos de tripanossomatídeos (causadores de doenças entre peixes e anfíbios). “Esses tripanossomatídeos são parentes daqueles que causam, em humanos, males como leishmaniose, doença do sono e de Chagas”, explica Aranha Camargo. Leia neste link a reportagem completa sobre a coleta de mosquitos para estudos.

A II Expedição contou com a participação de 26 pessoas (cinco tripulantes, seis funcionários da Secretaria Municipal de Saúde de Humaitá, além da equipe da USP, formada por 15 integrantes, entre pesquisadores e funcionários da USP, e os alunos de Medicina). A parceria prevê a realização de até cinco viagens por ano, sempre atrelando o desenvolvimento de alguma pesquisa com o atendimento aos ribeirinhos. A primeira expedição ocorreu em novembro de 2016.

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