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O PIX vale mesmo a pena?

em Especial
sexta-feira, 09 de outubro de 2020

Juliano Carneiro e André Emídio (*)

Imagine que você esteja jantando em um restaurante sábado a noite e, ao pedir a conta, é informado que a máquina de cartão não está funcionando e você não tem dinheiro – afinal, quem ainda anda com notas na carteira? O Pix – meio de pagamento instantâneo, criado e gerido pelo Banco Central – chega ao mercado financeiro para solucionar situações como essa. Com o novo serviço, será possível transferir dinheiro instantaneamente através do aplicativo do seu banco ou fintech. Em outras palavras, é o fim do TED, DOC e dos Boletos de Cobrança.

O conceito de pagamento instantâneo é o que diferencia o PIX dos demais meios de pagamentos. O TED, que era o serviço de pagamento mais rápido até então, realizava a transferência em cerca de 40 minutos, apenas em dias úteis, das 6hs às 17hs. Já o DOC, demorava até 1 dia útil e os boletos, de 1 a 2 dias úteis. Fora isso, o cliente ainda era obrigado a pagar pelo serviço. Com o avanço da tecnologia, era questão de tempo para que essas taxas fossem abolidas. É o que acontecerá agora.

Uma transação realizada via Pix será liberada em segundos para o recebedor, 24 horas por dia, para qualquer tipo de transferência e de pagamento. Poderá ser realizada por qualquer pessoa física ou jurídica, que possua conta corrente, conta poupança ou conta pré-paga, em uma instituição financeira ou instituição de pagamento (bancos e fintechs). Tende a ser o meio de pagamento mais utilizado num futuro próximo, bem próximo. Os riscos serão os mesmos que já estamos expostos com os aplicativos: se seu smartphone for roubado e for possível acessar o seu Pix, a facilidade para o golpista será a mesma.

A boa notícia é que as instituições financeiras levam a segurança de dados muito a sério. As transações suspeitas via Pix poderão ser paralisadas por até uma hora, até que seja confirmada pelo cliente. Neste fluxo temos a instituição financeira de origem, banco central e instituição financeira de destino. Uma vez que o Cash out do dinheiro é mais rápido do que uma TED ou um DOC, por exemplo, e a velocidade também carrega um risco maior para as instituições participantes e clientes.

Após o pagamento na conta destino, sendo ela uma conta correta ou fraudulenta, o rollback da operação é mais difícil, pois o tempo de análise é menor – este é um desafio que as instituições financeiras precisarão enfrentar, mas que de maneira geral não afetam a confiabilidade do novo serviço, tampouco devem ser impeditivos para a adoção da tecnologia.

Teremos uma curva de aprendizado que deve durar de 6 meses a 1 ano. Este será o período necessário para mitigarmos os riscos, implementando novas camadas de segurança, inteligência e conferência para aprimorar a transação. Além de educar e instruir o usuário para as boas práticas de segurança para esse tipo de transação. O nível de conscientização dos usuários sobre as práticas de segurança é essencial e, mesmo agora, com os serviços bancários tradicionais, observamos diariamente relatos de golpes de Phishing que poderiam ser evitados através de uma postura mais atenta do cliente.

O PIX é um projeto que atende as demandas de uma economia mais conectada e que está atenta às taxas e cobranças abusivas por parte das instituições bancárias. O PIX vale a pena e será apenas uma pequena evolução do sistema financeiro, se comparada ao que a tecnologia nos propõe para os próximos anos – com os bancos online e, principalmente, a popularização das Fintechs. O setor financeiro será um dos, se não o mais afetado por inovações tecnológicas. Consequência natural tende a ser uma grande revolução no sistema financeiro que hoje conhecemos – e o consumidor agradece.

(*) – São sócios do RevoBank (https://revobank.com.br/).