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Educação financeira e previdenciária deve e pode começar na infância

em Especial
quarta-feira, 14 de outubro de 2015
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Educação financeira e previdenciária deve e pode começar na infância

No dia a dia, é um grande desafio explicar às crianças que elas não podem ganhar tudo o que pedem e na hora que querem

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Thaís Restom/Portal Previdência Total

O cenário instável da economia brasileira é um bom momento para refletir sobre a importância do planejamento financeiro e do hábito de poupar. E rememorando a semana em que se comemorou o Dia das Crianças, nada mais importante do que já começar a ensinar aos pequenos o valor do dinheiro e que nem sempre é possível comprar tudo o que desejam.

A percepção sobre a necessidade de se prover educação financeira desde a infância vem ganhando espaço no país. Segundo estudo recente da Boa Vista SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito), 88% dos brasileiros consideram muito importante a educação financeira para crianças, contra 76% registrado no ano passado. O levantamento também revela que 49% têm o hábito de poupar para os filhos.

Ricardo Humberto Rocha, professor de finanças do INSPER e autor do livro “Como esticar seu dinheiro – educação financeira para família”, afirma que a partir da pré-escola já é possível incentivar a criança a fazer contas e ensinar-lhe o valor da moeda. “Nessa fase é importante que os pais apresentem o conceito do cofrinho e mostrem como é possível poupar dinheiro para alcançar um objetivo no futuro”, diz.

bigstock-family-children-money-inves-62119439-600x437 temporarioNa opinião do especialista, as escolas têm um papel diferente nesse processo. “Elas devem se preocupar em ensinar corretamente português e matemática, porque o maior problema que observo hoje é a dificuldade das pessoas para interpretar textos e fazer contas. Se desde a infância esses ensinamentos forem melhor trabalhados, as pessoas terão condições de entender o mundo financeiro por conta própria”, acredita.

Educar os filhos a consumir de forma responsável não é uma tarefa simples. No dia a dia, é um grande desafio explicar às crianças que elas não podem ganhar tudo o que pedem e na hora que querem. Uma pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) comprova que a maioria das mães brasileiras não está preparada para isso, já que 60% não resistem ao pedido dos filhos na hora das compras.

Muitas vezes, nem é preciso que os filhos manifestem o desejo de ganhar um presente para recebê-lo: 59,6% das mães compram produtos “supérfluos” sem que eles peçam, apenas pelo prazer de vê-los usarem coisas que gostam. “O estímulo ao consumismo, não raro, começa dentro de casa. As mães querem sempre satisfazer seus filhos, o que é compreensível, mas a vontade de agradar as crianças não pode se sobrepor às condições do próprio bolso”, afirma a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.

Para o educador financeiro Reinaldo Domingos muitos pais têm dificuldade em transmitir o significado do dinheiro aos filhos justamente porque eles não tiveram esse tipo de orientação no passado. “Um dos caminhos para essas famílias educarem financeiramente suas crianças é estimulá-las a identificar seus sonhos de curto, médio e longo prazo, ensinando-lhes a investigar quanto custam e, juntos, começar a poupar. A partir dos sete anos isso pode se dar por meio de semanada ou mesada”, acredita.

timthumb novo temporarioO crescimento da expectativa de vida e o recuo na taxa de fecundidade do brasileiro são os principais desafios para a sustentação da Previdência Social no futuro, já que o número de pessoas beneficiadas cresce muito mais do que aquelas que contribuem. De acordo com o último levantamento do IBGE, a expectativa de vida ao nascer no Brasil subiu para 74,9 anos. Por isso, os especialistas recomendam que as crianças e jovens de hoje sejam educados o quanto antes sobre a importância do sistema previdenciário para a garantia dos direitos dos idosos e aposentados.

Marco Aurélio Serau Jr., professor e autor de obras em Direto Previdenciário, acredita que a Previdência Social, não só no Br

asil como no mundo, está passando por um processo muito grande de transformação. “Por tudo isso, a preparação e o planejamento previdenciário devem começar cedo, seja poupando em planos de previdência privada, seja contribuindo ao Regime Geral da Previdência Social desde o momento permitido em lei”, diz.

O especialista diz que a Previdência Social sustenta-se a partir de uma base de contribuintes bastante ampla, e para isso, a participação dos jovens e crianças é fundamental. “Entretanto, visualizo que a atual geração de crianças e adolescentes terá, no futuro, uma cobertura previdenciária bem diversa da atual, possivelmente de menor qualidade”, observa Serau Jr.

Previdência privada e poupança são opções para os pequenos

dinheiro cofrinhoi temporarioConforme a expectativa de vida dos brasileiros aumenta, a quantidade de planos de previdência privada contratados cresce cada vez mais. É o que afirma a superintendente comercial de Vida e Previdência da Porto Seguro, Fernanda Pasquarelli. “Esses pais, cientes de que suas crianças viverão mais, procuram formar uma reserva financeira como algo necessário para garantir o futuro delas. E o plano de previdência possibilita que elas sejam beneficiadas futuramente pelo recurso acumulado”, diz.

Para Lúcio Flávio de Oliveira, presidente da Bradesco Vida e Previdência e vice-presidente da FenaPrevi, a principal vantagem de investir em um plano de previdência privada desde a infância é que, quanto maior for o prazo de contribuição, menor será o valor do aporte exigido para alcançar a meta pretendida. “O brasileiro ainda tende a só se preocupar com previdência pública ou privada quando está mais próximo da aposentadoria. Do ponto de vista da indústria de previdência, portanto, o desafio é reduzir a idade de ingresso e constituição dos planos”, afirma o especialista.

O plano de previdência privada para uma criança deve ter um responsável financeiro, que deverá optar por uma das modalidades do produto: PGBL ou VGBL. O primeiro é mais indicado para quem faz a declaração do IR no modelo completo, porque permite a dedução das contribuições da base de cálculo, até o limite de 12% da renda bruta anual. “Já o produto VGBL é para quem faz a declaração simplificada, tem isenção do pagamento de imposto ou já usufrui da dedução fiscal de 12% em outros planos de previdência complementar”, orienta Soraia Fidalgo, gerente de inteligência e gestão de clientes da Brasilprev.

Ricardo Humberto Rocha, do INSPER, recomenda a poupança para ensinar as crianças como guardar dinheiro. “A maioria dos pais não entende muito de finanças; então 

esse investimento é mais seguro. Mostrar a elas continuamente a movimentação da conta, como os gastos e rendimentos, é igualmente importante. O VGBL renda variável também é uma boa opção para educá-las sobre planejamento financeiro”, finaliza.