De Picasso a Chagall – Conheça o Carnaval retratado na arte
Desfiles, procissões, espetáculos e máscaras: todas as festas de Carnaval possuem a teatralidade como fator comum. É um momento que todos os sentidos afloram e a necessidade de esquecer os problemas, as dificuldades e a si mesmo, ao vestir uma roupa colorida e brilhante, surgem
Paulo vestido de Arlequim. Obra de Pablo Picasso. |
A palavra “Carnaval” tem suas origens no latim clássico, das palavras “carnem” e “levare”, que significam “abster-se, afastar-se da carne”. Antigamente, um banquete era promovido no último dia das festas – na quarta-feira de cinzas – antes do período de jejum da Quaresma, quando os católicos fazem penitências por 40 dias.
As máscaras e a linguagem corporal do período foram muito retratadas por pintores e artistas ao longo dos séculos. Confira as pinturas mais famosas que levam como tema o Carnaval:
A Luta entre o Carnaval e a Quaresma – Pieter Bruegel: O pintor holandês Pieter Bruegel foi um dos primeiros a representar um tema carnavalesco: a tela, datada de 1559, retrata em uma praça uma multidão de pessoas que comem, se embriagam, fazem festa e brincam com dados ou fazem rodas. Se trata de uma batalha simbólica que apresenta, a esquerda do quadro os personagens, de Carnaval, e a direita os da Quaresma.
O Carnaval – símbolo de festas e exagero, é interpretado por um homem gordo “montado” em cima de um barril, empurrado por homens mascarados, enquanto que sua “rival”, a Quaresma aparece sob a forma de uma mulher magra e branca, sentada em uma cadeira, acompanhada por alguns fiéis em oração. A obra se encontra no Museu da História da Arte, em Viena, na Áustria.
Paulo vestido de Arlequim – Pablo Picasso: O pintor espanhol representa, em 1924, seu filho Paulo com uma fantasia de Carnaval de Arlequim, nesta obra exposta no Museu Picasso, em Paris. O menino, filho de Pablo Picasso e Olga Khokhlova, foi retratado com uma delicada precisão cos detalhes que exprimem ternura, apesar do traço forte.
Pierrot e Arlequim – Paul Cézanne: A obra de Paul Cézanne, datada de 1888, está no museu Pushkin, na Rússia. Ela retrata Pierrot e Arlequim, que são dois personagens importantes do século XVI na Itália, da “Commedia Dell’Arte” – quando trupes de artistas saíam pelas ruas para divertir as pessoas – dentre os artistas, era comum a representação de Pierrot, Arlequim e Colombina. Na pintura impressionista, o foco é a contraposição dos dois personagens e de seus movimentos e gestos, através do uso das cores.
A entrada de Cristo em Bruxelas – James Ensor: Precursor do expressionismo belga, o pintor James Ensor era conhecido pelo uso obsessivo de máscaras e multidões na sua arte. Esta obra em específico foi feita em 1889 e hoje está exposta no museu Getty, em Los Angeles, Estados Unidos.
Ela é muito representativa: As máscaras retratadas substituem os rostos humanos em uma multidão, confundindo e até assustando quem visualiza a pintura. Mais pitoresco é que os espectadores do picadeiro estão diante da figura de Jesus Cristo, que é o único que não usa máscara.
Pierrot Branco – Pierre-Auguste Renoir: Produzida em 1902 pelo impressionista Pierre-Auguste Renoir, a obra retrata um menino vestido como Pierrot – personagem da “Commedia Dell’Arte” italiana. Jean, filho do pintor, é representado como Pierrot. A obra pode ser vista no Instituto de Arte de Detroit, nos Estados Unidos.
Arlequim com guitarra – Juan Gris: O pintor cubista José Victoriano González, sob pseudônimo de Juan Gris, pinta em 1919 uma obra inovadora para a época, com cores quentes e harmoniosas. Intérprete do movimento cubista, Gris se assemelha muito a Picasso, realizando um meticuloso trabalho geométrico de triângulos que se encaixam. A pintura está exposta no Centro Georges Pompidou, em Paris.
Arlequim e Pierrot – Andrè Derain: Pintada em 1924, a obra de Derain apresenta dois personagens da “Comédia Dell’Arte” enquanto cantam e tocam, ao longo de uma estrada. As cores são brilhantes, mas refinadas, e as formas são harmoniosas, assim como os contrastes. Há ainda o uso do efeito “chiaroscuro” (claro/escuro, em tradução livre). O quadro pode ser visto na Galeria Nacional de Victoria, na Austrália.
Carnaval do Arlequim – Joan Mirò: A obra do catalão Joan Mirò, de 1925, está hoje exposta na Albright Knox Art Gallery de Buffalo, nos Estados Unidos. Na pintura foi aplicada uma técnica surrealista do “automatismo psíquico” – que pinta a imaginação e visões fantásticas, utilizando sonhos e pesadelos. A obra representa uma visão de Mirò.
São reconhecidos diversos objetos ao longo do quadro, como um gato e uma mesa e todos os componentes fazem parte da sua fantasia, do seu inconsciente.
No quadro, uma atmosfera onírica aparece, além de cenários de contos de fadas criados pelo artista surrealista, através da aplicação de cores vivas.
Baile de Máscaras – Nigel Van Wieck: Foi produzida em 2001 pelo artista britânico Nigel Van Wieck. A obra de Van Wieck transmite solidão e inquietude, aspectos típicos presentes principalmente na arte norte-americana. Figuras de bailarina e de pessoas com máscaras de cores brilhantes – mas sem vida -, são frequentes em seus quadros.
Carnaval noturno – Marc Chagall: O Museu de Arte Contemporânea de Caracas, na Venezuela, abriga a tela do pintor russo Marc Chagall, feita em 1963 (ANSA).