COOs e CTOs: corram para as montanhas!
Para o mercado financeiro, transformação digital e blockchain são como um abalo sísmico seguido de tsunami. Prometem não deixar pedra sobre pedra. Sobreviverá (e triunfará) aquele que conseguir correr em tempo para as montanhas (“run for the hills”, como dizem os americanos)
Kleber Stroeh (*)
Escrevo em um voo procedente de Portugal, terra de grandes heróis como Vasco da Gama, Pedro Álvares Cabral, e do Marquês de Pombal – aquele a quem coube à tarefa de reconstruir a parte baixa de Lisboa após o terremoto seguido de tsunami em 1755. Cidade que se reinventou na virada do século, deixando para trás sua imagem arcaica e carrancuda, para assumir uma identidade progressista e leve, lugar onde muitos querem viver atualmente.
Assim como Lisboa, o setor financeiro também terá de se reinventar em meio à – ou pós – um tsunami. Os riscos são enormes. As oportunidades também. Triunfarão as organizações mais leves e flexíveis, com habilidades desenvolvidas e testadas para suportar os novos modelos de negócios decorrentes da transformação digital e da economia programável.
O desafio reside em despir-se das armaduras construídas – sistemas monolíticos, processos pesados, segregação absoluta de papéis – e lutar de uma forma mais leve e ágil.
As ferramentas para a batalha são conhecidas: inovação, DevOps e lean; que permitem conceber novas ofertas e modelos de negócios, implementá-los rapidamente, e ajustar o curso. Parece simples, mas numa indústria galgada em modelos tradicionais, como desenvolvimento em cascata, separação entre desenvolvimento e operações, e intolerância ao erro, a montanha parece intransponível.
Se as áreas de TI vão incorporar de forma efetiva novas tecnologias disponíveis como cognição, apps inteligentes e blockchain, não há outra saída senão abraçar DevOps. Desenvolver e operar são duas faces de uma única moeda. Sem uma colaboração estreita entre os dois, não se atinge continuous delivery, e, sem este, não se tem a agilidade que os novos negócios exigem.
Metodologias como Scrum permitiram um grande avanço na agilidade de desenvolvimento de software. Na face oposta, há muito que fazer para termos operações mais inteligentes, uma abordagem que inclui analytics, cognição, consciência situacional (e de negócios), monitoramento contínuo, automação, coordenação, e gerenciamento da experiência do usuário.
A realidade é que as operações precisam de mais analytics e cognição para transformar seus processos e sistemas, observando, para isto, seu histórico operativo, os comportamentos dos clientes (internos e externos) e as novas possibilidades tecnológicas. A pró-atividade virá do monitoramento contínuo aliado à automação, de tal sorte que problemas e desvios sejam prontamente identificados e automaticamente corrigidos. As atividades que ainda requererem envolvimento humano deverão estar sob estrita coordenação, alinhando informações, empoderando as equipes responsáveis e dotando a todos da necessária consciência situacional. Por fim, a operação deve aprender a olhar para o serviço que presta sob a ótica do cliente/usuário. Suas medidas devem acontecer de fora para dentro, emulando a perspectiva do cliente, bem como a visão da performance dos elementos internos.
Operações inteligentes não se encerram no departamento de TI. Elas transbordam e inundam as áreas de negócio que, com estas novas ferramentas e habilidades, também conseguem responder aos desafios e incidentes do lado “business” em tempo real.
Leves, flexíveis e eficientes, as operações inteligentes permitem “dominar as terras altas”.
As ferramentas e o campo de batalha estão a postos. Quem sairá vencedor? Certamente as instituições que caminharem mais rápido para fazerem suas operações mais inteligentes. Elas terão a vantagem de se reinventar e manter-se à frente, e serão, então, como Lisboa é para Portugal, o símbolo de um recomeço triunfante.
(*) É Chief Technology Officer da Icaro Tech.
Quatro desafios da Internet das Coisas e como superá-los
Nossa sociedade está caminhando para uma digitalização crescente que promete simplificar o dia a dia dos consumidores e os processos das empresas. Essa jornada inclui a implementação de um amplo conjunto de novas tecnologias, que abrangem sensores, mecanismos de comunicação, armazenamento e análise da informação em larga escala.
Segundo previsão do Gartner, 8,4 bilhões de ‘coisas’ conectadas estarão em uso em 2017, um aumento de 31% em relação a 2016*. Projetos de Internet das Coisas (IoT) podem ser utilizados para vários objetivos, seja para oferecer uma casa conectada ao consumidor ou para melhorar a eficiência energética de uma empresa. Mas como as organizações podem iniciar um projeto de IoT e obter resultados? Embora existam particularidades em cada negócio, listo aqui quatro principais desafios dessa área e como superá-los.
1. Conhecimento da estrutura física
O primeiro desafio é diretamente relacionado à vertical em que a organização está inserida. Como a empresa pode coletar os dados e juntá-los? Haverá sensores próximos ao equipamento? Como será a parte de comunicação e transmissão de dados? O escopo da Internet das Coisas é bem amplo e começa na borda, próximo a algo que se deseja monitorar, indo até o data center. Portanto, o primeiro desafio é entender como a estrutura física funcionará para atingir os objetivos desejados, que podem ser, por exemplo, melhorar o desempenho dos negócios ou diminuir custos.
2. Visibilidade
O segundo desafio é essencial para o gestor – a visibilidade. Como o projeto pode proporcionar um panorama das informações no qual ele consiga basear suas decisões? Também é importante que os dados possam ser acessados com facilidade. Isso inclui o acesso simples e a interface adaptada para dispositivos móveis, como tablets e celulares.
3. Big Data
O terceiro desafio é talvez o mais complexo do projeto: como fazer a análise dos dados coletados? É preciso ter um certo conhecimento para montar uma equipe capacitada para isso. Mesmo se a organização optar por terceirizar este serviço, ela precisa entender o que está adquirindo e ter discernimento sobre o que está sendo oferecido.
4. Solução
Por fim, é preciso realmente desenvolver uma plataforma de software em cima da arquitetura de mercado para tirar proveito das informações e análises, a fim de prever situações, automatizar o sistema, melhorar processos e, consequentemente, os negócios.
Atualmente, existem muitas soluções disponíveis no mercado para projetos de Internet das Coisas. Mas essas ofertas são só uma parte da solução. Para resolver esses desafios, é importante ter uma integradora que possa ajudar a empresa a ter uma visão holística do projeto. É o papel da prestadora de serviços ajudar a organização a construir o diagrama do projeto, entender o que a empresa precisa, orientá-la e executar as partes necessárias, do início ao fim, ajudando-a também a gerenciar o sistema. Dessa forma, os projetos de IoT conseguirão ser bem-sucedidos e trazerem resultados substanciais.
(Fonte: Luis Filipe Silva, Arquiteto Sênior de Soluções da Dimension Data, multinacional focada em serviços e soluções de tecnologia da informação).