Arthur Guerra (*)
Vivemos em uma sociedade em constante transformação, e para que possamos compreender e acompanhar tantas mudanças é preciso olhar para o contexto histórico, no qual refletem padrões comportamentais e culturais. Estamos imersos em uma cultura imediatista e familiarizados com a expressão “fazer e acontecer”: bater metas e ter sucesso. Do mesmo modo que esse conceito pode ser motivador e contribuir para o senso de propósito de vida, pode tornar-se um risco: a cobrança excessiva em alcançar resultados e as eventuais frustrações quando não são alcançadas podem levar ao estresse e esgotamento físico e emocional. Com isso, vemos o quanto a saúde mental tem se tornado um desafio para o mundo atual. Por isso, para uma vida equilibrada é importante reconhecer e valorizar a resiliência, aceitação, autocuidado e a autorresponsabilidade.
Ressalto que é preciso desenvolver o autocontrole, parando de vez em quando para relaxar, se desligar da correria e descansar. Mas, acima de tudo, é preciso se autoconhecer e ter a certeza de que nem sempre podemos fazer o que desejamos. É indispensável que tenhamos em vista o que cabe a cada um de nós, de acordo com as nossas condições físicas, financeiras, mentais e intelectuais.
Identificar e ter consciência dos próprios limites é fundamental, para não nos tornarmos reféns dessas falsas ideias e o uso excessivo das telas, que facilitam nossa rotina, mas roubam nossa capacidade de ir além. É importante compreender que somos o protagonista da nossa história, responsáveis pelo nosso bem-estar físico e emocional, a autorresponsabilidade está relacionada à conscientização do impacto que nossos pensamentos, atitudes e ações tem em nossas vidas. Quando assumimos a autorresponsabilidade em vez de esperar por circunstâncias ou por outras pessoas, nos tornamos conscientes, ativos e responsáveis em cuidar, buscar apoio, adotar hábitos saudáveis, estabelecer e manter limites, desenvolvemos habilidades de enfrentamento eficazes, tomadas de decisões que promovam o nosso bem-estar emocional. A autonomia e a responsabilidade são individuais! A colocação é clichê, mas vamos lá: a mudança tem de partir de nós.
Tudo pode mudar se mudarmos o nosso ponto de vista. Alguns indivíduos assumem uma postura passiva diante das situações da vida, o que dificulta em assumir as responsabilidades pelos próprios atos. É preciso reconhecer que essa mentalidade é resultado de hábitos prejudiciais que foram desenvolvidos ao longo do tempo. Sendo assim, uma mudança de perspectiva pode transformar tudo ao nosso redor.
Gostaria de deixar uma breve reflexão: O emprego é cansativo? Pois saiba que não existe trabalho que não seja. Ter uma alimentação saudável é difícil? Mais difícil será enfrentar uma doença por conta do excesso de peso. Fazer exercícios é chato? Mais chato será um diagnóstico de atrofia ou problemas musculares. Além disso, as atividades físicas são um excelente remédio antiestresse. A questão é que existe a propensão de pensar mais nas dificuldades durante as atividades físicas do que no bem que isso pode trazer depois.
É essencial cuidarmos da nossa mente e do nosso corpo, dar mais atenção às horas de sono. Para isso, é necessário diminuir o tempo que passamos conectados às telas e às redes sociais. Embora sejam úteis para nos manterem informados, o excesso de informação causa uma sobrecarga e pode nos levar à procrastinação.
Adotar um novo hábito é desafiador, vale lembrar que não precisamos esperar até a segunda-feira para recomeçar. O recomeço pode ser hoje, agora! A mudança está em nossas mãos e cabe a nós darmos o primeiro passo em direção a uma vida mais equilibrada. Para onde você deseja ir?
(*) Psiquiatra e cofundador da Caliandra Saúde Mental, empresa especializada em soluções de cuidados à saúde mental e treinamento de liderança.