A Fundação Dom Cabral, apresenta, em parceria com a Grant Thornton Brasil e a Em Lyon Business School, o resultado da segunda edição da pesquisa ‘Novas Formas de Trabalhar: as adequações ao home office em tempos de crise’, que procurou identificar como as pessoas e as organizações estão buscando a adaptação e o equilíbrio entre trabalho e questões relacionadas à preservação da qualidade de vida e da saúde mental.
Passado um ano do início das restrições de contato social por conta do coronavírus, nota-se um aumento na percepção de que a produtividade no trabalho remoto é maior do que no trabalho presencial. Mais de 58% dos respondentes da pesquisa afirmaram ser mais produtivos ou significativamente mais produtivos em home office. Em 2020, esse índice ficou em torno de 44%. Ainda nesta questão, considerando somente a opção “significativamente mais produtivo”, as mulheres tiveram uma proporção de respostas de 29,1% contra 18,1% entre os homens.
Outro dado relevante diz respeito aos diversos cargos hierárquicos. Entre profissionais em postos de gerência e/ou liderança, apenas 13% das respostas apontam para patamares menores ou significativamente menores de produtividade no trabalho remoto. Entre profissionais de nível hierárquico mais elevado, essa proporção atingiu 22,4%.
Com relação aos desafios do trabalho remoto, a pesquisa revela que o senso positivo de produtividade nem sempre está alinhado à percepção de equilíbrio e bem-estar do colaborador. Entre as opções oferecidas aos pesquisados, para identificar os principais obstáculos do home office, as três que mais se destacaram foram “maior volume de horas trabalhadas”, apontado por 24%; “dificuldade de relacionamento” e “dificuldade de comunicação”, ambas com 16%. Para 14% dos respondentes, o “equilíbrio com demandas pessoais” é também uma das questões presentes.
A pesquisa buscou saber ainda quais os receios quanto à continuidade do trabalho remoto. Para 20,6% o maior deles é a perda de convívio social, seguida de maior carga de trabalho no modelo remoto (15,5%) e piora de comportamento por ausência de convívio (13,5%). Ou seja, teme-se pela continuação de uma carga de trabalho elevada que cause ou reflita a dificuldade de equilibrar vida pessoal e profissional. Além disso, a continuidade da situação que impõe o trabalho remoto faz com que a perda do convívio, e seus consequentes prejuízos, perdure.
“Na primeira edição da pesquisa, no início da pandemia em 2020, foi possível concluir que os entrevistados percebiam a experiência do trabalho remoto como positiva, mas já existia uma preocupação com relação à administração das tarefas de trabalho e das de ordem pessoal, tanto do ponto de vista organizacional quanto de relacionamento com as pessoas”, lembra Fabian Salum, professor da Fundação Dom Cabral.
“Depois de um ano, constatamos a concretização de alguns receios e como a percepção sobre o aumento da produtividade no trabalho remoto mostra seu custo, quando o assunto é equilíbrio e bem-estar. Os comentários dos respondentes apontam para um esgotamento mental que envolve tanto a situação crítica própria da pandemia quanto os desafios mencionados anteriormente. Por isso, não podemos nos deixar seduzir pela alta produtividade. Faz-se necessários ajustes nos três níveis: organização, equipes e indivíduos”, conclui.
“Esta pesquisa nos traz informações muito importantes sobre quais pontos devem passar a ser foco de atenção nas relações de trabalho a partir de agora, principalmente por parte das lideranças empresariais. A experiência acumulada ao longo de um ano de trabalho remoto por conta da pandemia, com todo o processo de mudança ao qual a cultura organizacional foi submetida, precisa ser canalizada para a preservação do bem-estar na gestão do capital humano, a fim de manter o engajamento das pessoas com relação aos resultados da organização”, avalia Ronaldo Loyola, sócio da área de Capital Humano, da Grant Thornton Brasil.
Fontes e outras informações: (www.fdc.org.br) e (www.grantthornton.com.br).