Um dos mais afetados pela pandemia de coronavírus, o setor de turismo perdeu R$ 11,96 bilhões em volume de receitas somente na segunda quinzena de março, segundo estimativas da Confederação Nacional do Comércio(CNC) – uma queda de 84% no faturamento em relação ao mesmo período de 2019. Somado ao prejuízo de R$ 2,2 bilhões na primeira metade de março, o setor já perdeu mais de R$ 14 bilhões desde o início da crise. Os prejuízos já sofridos pelo setor têm potencial de reduzir 295 mil empregos formais em apenas três meses.
Ao longo de março, a intensificação de medidas visando a redução do ritmo de expansão da covid-19, como o isolamento social e o fechamento das fronteiras a estrangeiros em diversos países, reduziu drasticamente o fluxo de passageiros em todo o mundo. Com isso, o Brasil registrou uma taxa de cancelamento de voos inédita: considerando os 16 maiores aeroportos do País, responsáveis por mais de 80% do fluxo de passageiros, as taxas de cancelamento de voos nacionais e internacionais saltaram de uma média diária de 4% nos primeiros dias de março para 88% até o final daquele mês. Já o número de voos confirmados diariamente recuou 91% – em relação à última semana de fevereiro.
Os quatro aeroportos que atendem diretamente às regiões metropolitanas do Rio de Janeiro e de São Paulo – principais focos doença no Brasil – registraram taxas de cancelamento superiores a 80% no fim de março. Os aeroportos de Goiânia e Salvador, por sua vez, chegaram a zerar o tráfego aéreo em determinados dias do mês passado. De acordo com o presidente da CNC, José Roberto Tadros, o setor de turismo é diretamente afetado pelas ações necessárias para prevenção ao coronavírus, como a impossibilidade de viagens, reservas e visitações.
“Essa perda histórica acontece devido à elevada correlação positiva entre o fluxo de passageiros e a geração de receitas no turismo. As atividades econômicas que compõem os setores representados pela CNC dependem da circulação de mercadorias e consumidores e, por isso, são os que apresentam maior potencial de impacto negativo”, afirma. O economista da CNC responsável pelo levantamento, Fabio Bentes, chama atenção para o impacto que a paralisação das atividades econômicas provocará no ainda elevado nível de desemprego (Gecom/CNC).