A companhia aérea alemã Lufthansa enviou uma carta à estatal italiana Ferrovie dello Stato (FS) afirmando que está disposta a fazer um “importante investimento” na Alitalia. A FS lidera o consórcio que comprará a maior empresa de aviação civil da Itália, mas ainda não conseguiu chegar a um acordo com seus sócios na empreitada: a americana Delta Air Lines, a holding italiana Atlantia e o Ministério da Economia e das Finanças do país europeu.
Segundo fontes que tiveram acesso à carta da Lufthansa, a empresa alemã condiciona sua participação no resgate a uma “redução significativa no gasto com aviões, a um redimensionamento da frota e da malha, a um aumento da produtividade e a um acordo preventivo com sindicatos para diminuição de custos”. O documento é assinado pelo diretor comercial da Lufthansa, Harry Hohmeister, e também exige que a empresa alemã e a Atlantia sejam “sócias majoritárias” na nova Alitalia.
O grupo alemão já havia mostrado interesse pela companhia italiana nos últimos anos, mas sempre exigiu uma reestruturação para entrar no negócio. A ideia seria repetir o processo feito com a Swiss, salva da falência pela Lufthansa em 2005 e que hoje tem uma operação saudável. A empresa alemã também era resistente à ideia de ter uma sociedade com o governo italiano. o plano atual, FS e Atlantia teriam 35% das ações cada uma, enquanto o Ministério da Economia e a Delta dividiriam igualmente os 30% restantes.
Com isso, o Estado italiano teria pelo menos 50% de participação na companhia aérea. Há dois anos, quando a Lufthansa negociava a compra da Alitalia, o grupo previa demitir 6 mil funcionários, mas o plano do consórcio liderado pela FS fala em um corte de 2,5 mil postos de trabalho. Sob intervenção desde maio de 2017, a Alitalia sobreviveu graças a empréstimos do governo, que serão restituídos no momento de sua venda. Seus acionistas são a holding Compagnia Aerea Italiana (CAI), com 51%, e o grupo árabe Etihad Airways, com 49% (ANSA).